SEXO FRÁGIL ! ! !



Às nove horas da manhã, tenho compromisso com um grupo de gestantes de baixa renda. Participo desse trabalho, um sábado por mês.
As gestantes vão mudando, tem sempre algumas entrando no grupo, enquanto outras estão deixando, pois os bebês vão nascendo.

Meu trabalho com elas é sempre alertar sobre a Depressão pós parto.
E assuntos ligado a criação e educação dos filhos.
O grupo interage muito. Algumas já tiveram surto depressivo em gravidez anterior, outras estão com os sintomas nessa gestação.
Elas tem muitas dúvidas e saem satisfeitas do encontro, pela atenção que recebem.

Gosto demais desse trabalho voluntário.
O compartilhar informações faz com que as mesmas se multipliquem e alcancem muitas pessoas. Que raramente teriam acesso a elas, se não fosse por trabalho como esse.
Gosto principalmente de estar entre elas.
Mulheres corajosas. A maioria sem um companheiro, para lhes dar apoio. Assim que sabem da gravidez, eles somem.

Hoje, uma moça de dezenove anos, lá está novamente.
Já é o terceiro ano que a vejo no grupo.
Duas filhinhas estão com ela. Uma de dois anos, a segunda de um ano, e outra na barriga, numa gravidez de cinco meses.
Ela me diz que está muito deprimida pois o marido foi embora de vez, quando soube que o bebê em seu ventre é outra menina.
As duas filhinhas são lindas. Olhei-as. Olhei a jovem mãe, e pensei como um homem pode abandonar uma família assim.
Enfim sei que não é muito o que podemos fazer para auxiliá-la. Além do enxoval completo e muito bem feito que a instituição oferece a ela, ao final da gestação.
E os encontros com palestras, onde elas ganham muito alento através dos assuntos que são trazidos.
O mais importante creio, é a auto-estima que vão ganhando com o despertar da consciência que vão tendo.

Hoje, ao término de nosso encontro que dura duas horas.
Observei mais uma vez como a mulher é guerreira.
SEI QUE HÁ EXCEÇÕES !
Mas via de regra, elas não abandonam o barco. Mesmo que ele esteja passando por uma grande tempestade.
E tentam tirar a água que vai entrando dentro dele, nem que seja com uma caneca. Fazem de tudo para que ele não afunde.

Ao término do encontro, lá foi ela, puxando uma filha pela mão, a outra carregando ao colo, e a terceira dentro do ventre.
E como ela, tantas outras, que ali estavam.
Lutando contra tantas adversidades.
Raras mulheres que fazem parte do grupo, tem um companheiro de verdade.

Quando estou junto delas, reflito no que dizem : Que somos o SEXO FRÁGIL !
E penso que de frágil nada temos. Pode ter certeza.


Lenapena
Enviado por Lenapena em 09/07/2011
Reeditado em 09/11/2011
Código do texto: T3085294