VELHINHAS, PORÉM CONFIÁVEIS


Ontem contei a história da meia-calça sem pé. Parece mentira que depois de vinte anos ainda se encontre em bom estado. Tão bom, que neste preciso momento ela me esquenta. Não sou exagerada, nem tão imaginativa como gostaria de ser, a ponto de inventar um caso como esse, assim ‘sem pé’ e que tenha durado tanto tempo*... Acontece que além de (ainda) ter boa memória, sou conservacionista. Não costumo jogar fora certos objetos, por ser de boa qualidade ou porque tenham valor estimativo. Guardei essa meia porque na época nunca tinha visto nada igual e um dia, quem sabe, ela poderia ser útil, já que neste país calorento nem sempre encontramos roupas adequadas às baixas temperaturas. Do mesmo modo, meu único mantô também é um velhinho bem conservado, que me deixa três élégante ao desfilar com ele por aí, sobre o cashmere igualmente idoso rs. Um pouco mais jovem é a boina (15 aninhos) que serve para completar o figurino. Ela foi comprada num dia muito frio, tão frio que tive medo de ficar com as ideias congeladas. Foi engraçado, porque a vendedora queria que eu a colocasse achatada e de banda, como as francesas costumavam usar, mas não deu certo. Eu olhava no espelho e tinha acessos de riso. Então arranjei um jeito melhor, enterrada na cabeça feito um gorrinho afofado... Ah! ia me esquecendo... contam a mesma idade as luvas de tricô e algumas écharpes de lã bem macia.

Como nunca antes fez tanto frio nessa terra, agora tenho o prazer de aproveitar bem minhas deliciosas (e quentinhas) relíquias...

 




     * PARA ENTENDER MELHOR LEIA A CRÔNICA ANTERIOR:

                             
QUANDO O FRIO APERTA...