Deus é a folha inteira.
O que venho contar agora é um desses momentos que nos fazem enxergar além, nos fazer ver aquilo que se encontra escondido em cada um de nós, uma capacidade já pré estabelecida de nos encontrarmos com aquele que nos criou, diante de tantos limites, claro que mais estabelecidos por nós do que por Ele, mas que nos permitem encontrá-lo em nós.
Numa dessas escolas particulares de classe média alta numa dessas grandes cidades brasileiras existia aquilo que chamamos de "normal", de corriqueiro, aquilo que temos como parte do cenário da vida e pronto.
Um jovem que era filho da faxineira da escola havia entrado por lá no começo do ano, com a grande oportunidade que a mãe teve de poder dar algo melhor para os filhos e uma educação que sem a bolsa que lhe era concedida não conseguiria nem se ela se divide em 5 e fizesse faxina por todo canto do mundo. O jovem sofria preconceito, taxado da forma como quisessem, não possuía amigos, andava sempre aos cantos e ainda possuía uma dificuldade na escrita.
Aconteceu na escola nas turmas de 8ª série uma competição de desenho, a professora pedia que lhe desenhassem algo e os alunos tinham pouco tempo para desenhar, o filho da faxineira pela falta de pratica só conseguia desenhar bem uma árvore, algumas nuvens e sol que jogava raios por toda a folha, e em tudo que foi pedido nada se aproxima daquilo de belo que ele poderia demonstrar.
Quando um dos seus colegas pode ver o desenho da imagem que temos do Japão todos caíram na risada, apontavam para ele, riam da sua cara, e o que era possível de se entender era que o pobre nem sequer sabia o que era o Japão, era ele o último colocado da competição.
A professora no ultimo desenho pediu que fizessem o desenho de Deus, a imagem que tinham do criador, com lapis coloridos, adesivos, crucifixos eram criados, a imagem de um velhinho barbudo de face benevolente era o que mais chamava a atenção da professora, quando se aproximou do garoto tímido filho da faxineira se surpreendeu com nuvens, árvores e o sol todos da cor de grafite perfeitamente desenhados, a professora não se conteve e perguntou qual deles era Deus, a nuvem, as árvores ou o sol? Todos os outros caíram na gargalhada.
O jovem disse que pensou bem no que poderia desenhar sobre Deus, disse que aquele era o seu melhor desenho, mas que nenhum era Deus. É tudo enfeite professora, disse o menino. Na verdade Deus é muito grande, Ele é minha folha inteira, o que eu desenhei foi só para enfeitá-lo, Deus é isso tudo, e se me permite, Deus são todos os cadernos, todos os lápis, todos os desenhos, todos nós, todo tudo. Deus é tudo. É amor. O Amor é tudo! E a gargalhada se conteve!