Lençol azul

Parecia tarde, mas eram só três horas da tarde.

Enquanto lá fora uma chuva apressada se atirava sobre o jardim,

Do quarto, a única parte habitada daquela grande casa

ouvi um silente murmúrio...

Palavras entrecortadas por gemidos e suspiros;

Não vi, mas supus: gestos ocultados pelo cobertor azul, aveludado.

...

Mantive-me à distância: reluto em participar

de mistérios e coisas que não são próprias á partilha mútua.

Naquela circunstancia, o lençol já abrigava os inquilinos que podia.

Fui à janela – e a chuva já não era tão fria.

Azé di Souza – 1999.