Personalidade não é para qualquer um.
O Brasil é um país de poucas oportunidades, especialmente no que tange às expectativas de enriquecimento, pois, são poucos os caminhos para se chegar ao estrelato. Ou, trabalha-se muito no ramo empresarial, superando barreiras; inclusive de caráter, para que algum ser inteligente no ramo dos negócios possa sair da insignificância econômica rumo ao sucesso do empreendedorismo. Entretanto, poucas outras opções refletem um caminho eficaz para se chegar ao berço da civilização e comungar com a riqueza. Posso citar outras opções como: mundo da moda, mundo do automobilismo, mundo artístico e, o mais significativo em termos de rapidez para o sucesso, que é o futebol.
O ensejo é próprio para falar desse ‘cometa’ do sucesso, já que o craque brasileiro é observado desde menino, por ter origem num país onde o sangue ferve nas quatro linhas de um campo de futebol. O jovem brasileiro, logo que aprende a andar, é incentivado pelos pais a jogar bola, tanto que providenciam uma bolinha de plástico, depois uma bola de salão e depois a bola oficial número quatro, para que o rebento possa mostrar se terá ‘jogueira’ para convencer esses empresários de plantão, cuja única atividade econômica é gerenciar transações milionárias dos seus “achados”.
Assim, o futebol tornou-se uma forma de ócio, com o qual, não é preciso trabalho algum para se ganhar dinheiro. E olha que não é um dinheiro qualquer! Estou falando de muito dinheiro, haja vista que o mercado da Europa, por não ter a mesma opção que a nossa, quanto a formar craques, prefere reforçar seus elencos através dos seus euros – uma moeda forte e cobiçada pelo mundo todo.
Destarte, a tendência é criarmos pessoas, ou jogadores mercenários, que só aproveitam o futebol brasileiro, como forma de criarem as oportunidades que esperam desde meninos. Perdemos a noção total de civismo e de brasilidade. Estamos à venda a qualquer tempo, especialmente nas chamadas “janelas” do futebol Europeu. Exemplo disso é a resistência do jogador Paulo Henrique Ganso de renovar com o time do Santos, embora o Peixe tenha lhe oferecido boas propostas. Esse, por estar jungido com a idéia de enriquecer depressa, fica absolutamente inquestionável a sua saída do time da Vila Belmiro.
Entretanto, lá mesmo no reinado de Pelé, existe outro menino que tem mostrado maturidade e discernimento, embora ainda seja jovem e esteja, também, envolvido como esse mundo afrodisíaco das negociações milionárias. Aos poucos, estou me tornando um fã incondicional desse craque que chamamos de NEYMAR, que, para mim, na minha ótica de torcedor, pode ser chamado de REYMAR. Não apenas pela sua forma artística de praticar futebol, cujos dribles e habilidade com a redondinha têm encantado o mundo e, de tabela, trazido de volta a magia do futebol, para o país tupiniquim.
Nosso futebol passa por uma entre safra pela qual questionamos o futuro desse esporte em termos de hegemonia. Não obstante, esse menino da Vila, tem sido o marco de superação desse momento de crise.
Surpreendeu-me, mais uma vez, a sua obstinação em ficar na Vila Belmiro. É ele, o jogador, que quer ficar. Ou melhor, os clubes podem pagar o que quiserem, mas, ele, Neymar, não arreda o pé do Brasil. Quer permanecer aqui, até que a equipe do Santos dispute o mundial de clubes. Essa notícia que veiculou hoje na imprensa nacional, através do seu procurador, deixou-me ainda mais esperançoso numa evolução quanto a esse abismo existente entre o primeiro mundo o Brasil. Se algum dia os jogadores mudarem seu ponto de vista, quanto ao fato de saírem tão cedo de nossa pátria para jogar no estrangeiro, temos certeza que quem deu o primeiro passo, foi um moleque levado que não é perito apenas em jogar futebol como também em mostrar que nem tudo é só dinheiro.