A menina do farol
Patrocine esse Autor Patrocine esse Texto envie este texto para um amigo veja outros textos deste autor
A menina do farol
Parei no farol. O vidro do carro estava parcialmente aberto do meu lado. Ela veio até mim. Era uma menininha bonitinha, mas maltratada. Olhou-me com cara de piedade e me ofereceu balas de goma. Como eu não tenho o hábito de comprar nada no farol, recusei.
Ela insistiu:
— Só cinqüenta centavos, tio.
— Eu não tenho.
— O senhor não tem cinqüenta centavos? — perguntou-me com os olhos arregalados.
— Não — respondi com firmeza.
Eu não queria continuar a conversa, mas a garota prosseguiu:
— Então eu deixo por quarenta.
— Também não tenho.
— vinte então — seguia ela com a pechincha.
— Não tenho, já disse.
Ela me olhou com um misto de raiva e pena e, arremessando as balas com força para dentro do meu carro, gritou:
— Fica com esse troço de graça, então!
Eu me espantei com a atitude dela, mas o farol abriu e eu segui viagem com o amargo sabor daquelas balas.