Pescador é assim mesmo.
Sou carioca e, portanto, caiçara. Cresci sempre sentindo o cheiro do sal e ouvindo o interminável e embalador ruido das ondas batendo na areia da praia, serenas às vezes, furiosas outras tantas, arremetendo contra os costões rochosos, indo e vindo sem esmorecimento como a lembrar aos homens quão forte sabe ser.
Desde menino, umas das primeiras coisas que aprendi foram empinar papagaio e manejar uma vara de pescar e, para desespero de minha mãe, desaparecia de casa , apesar de saber do castigo merecido, só aparecia muitas horas depois, quase sempre trazendo uma grande fieira de carapicus.
Os anos passaram, mas o gosto pelo mar e pela pesca parece que aumentou e jamais deixei o vício, que cultivo, até hoje, prazerosamente.
Muitas aventuras foram vividas, muitos amigos, ao longo da jornada, vieram e tomaram outros rumos e tantas das famosas "estórias de pescador" ouví e, zelosamente, arquivei.
Mas acho que vale reviver um episódio do qual fui personagem.
Eramos quatro à bordo de uma boa lancha que contava com dois motores diesel e bem confortável. Pescávamos com linha de fundo e o dia estava muito propício e de bom augúrio.
Nosso companheiro X, chamado por nós de Sepultura (Sepú, pra facilitar), era emérito pescador, mas tinha o defeito de não cuidar do seu equipamento devidamente, de maneira que a caixa de isopor onde ele enfiava tudo, inclusive o resultado da pescaria, não via água doce há mais tempo do que camelo no Saara.
O resultado é que, quando ele abria a famosa caixa (apelidada por nós de Pandora) o cheiro que imediatamente se espalhava pelo ar era nauseante, dái a alcunha de Sepúltura que lhe foi atribuida.
Pois bem; Sepú fisgou um peixe e, pelo esforço que fazia, deveria ser de bom porte. Trabalhando com a eficiência de sempre, o nosso amigo
foi içando sua presa até a superfície, mas quando estava prestes a embarcá-lo eis que o danado dá uma sacudidela maior e, zás, solta-se e se vai.
Desolado, Sepú recolhe o resto da linha e, desanimado, dá de ombros e se prepara para outra batalha.
Para levantar-lhe a moral, disse-lhe: - Fique triste não, Sepú, o bicho escapou do seu anzol, mas fique certo que ele vai morrer de tétano!.
Sou carioca e, portanto, caiçara. Cresci sempre sentindo o cheiro do sal e ouvindo o interminável e embalador ruido das ondas batendo na areia da praia, serenas às vezes, furiosas outras tantas, arremetendo contra os costões rochosos, indo e vindo sem esmorecimento como a lembrar aos homens quão forte sabe ser.
Desde menino, umas das primeiras coisas que aprendi foram empinar papagaio e manejar uma vara de pescar e, para desespero de minha mãe, desaparecia de casa , apesar de saber do castigo merecido, só aparecia muitas horas depois, quase sempre trazendo uma grande fieira de carapicus.
Os anos passaram, mas o gosto pelo mar e pela pesca parece que aumentou e jamais deixei o vício, que cultivo, até hoje, prazerosamente.
Muitas aventuras foram vividas, muitos amigos, ao longo da jornada, vieram e tomaram outros rumos e tantas das famosas "estórias de pescador" ouví e, zelosamente, arquivei.
Mas acho que vale reviver um episódio do qual fui personagem.
Eramos quatro à bordo de uma boa lancha que contava com dois motores diesel e bem confortável. Pescávamos com linha de fundo e o dia estava muito propício e de bom augúrio.
Nosso companheiro X, chamado por nós de Sepultura (Sepú, pra facilitar), era emérito pescador, mas tinha o defeito de não cuidar do seu equipamento devidamente, de maneira que a caixa de isopor onde ele enfiava tudo, inclusive o resultado da pescaria, não via água doce há mais tempo do que camelo no Saara.
O resultado é que, quando ele abria a famosa caixa (apelidada por nós de Pandora) o cheiro que imediatamente se espalhava pelo ar era nauseante, dái a alcunha de Sepúltura que lhe foi atribuida.
Pois bem; Sepú fisgou um peixe e, pelo esforço que fazia, deveria ser de bom porte. Trabalhando com a eficiência de sempre, o nosso amigo
foi içando sua presa até a superfície, mas quando estava prestes a embarcá-lo eis que o danado dá uma sacudidela maior e, zás, solta-se e se vai.
Desolado, Sepú recolhe o resto da linha e, desanimado, dá de ombros e se prepara para outra batalha.
Para levantar-lhe a moral, disse-lhe: - Fique triste não, Sepú, o bicho escapou do seu anzol, mas fique certo que ele vai morrer de tétano!.