LEMBRANÇAS

Hoje acordei-me nostálgico, lembrando-me de coisas e pessoas que fizeram parte da minha infância e da minha adolescência não tão longínquas quanto se parecem, porém, distantes o suficiente para fazerem de mim um sujeito saudoso dos tempos idos.

Lembrei-me do meu primeiro dia na escola, do instante em que a professora – cujo riso transmitia-nos segurança – se apresentou. Lembrei-me da menina Carmem e das nossas brincadeiras, ora infantis; ora não tão infantis assim!... Lembrei-me, inclusive, da minha primeira vez...

Lembrei-me de quando me apaixonei pela primeira vez: foi uma paixão arrebatadora por alguém cujos lábios jamais beijei, porém, ainda trago no paladar o doce sabor dos seus beijos, e, consequentemente, lembrei-me da minha primeira (e única) grande dor de cotovelos, das minhas eternas noites de insônia.

Lembrei-me de Isa, de Socorro, de Rosane, de Ritinha... Lembrei-me daquela noite chuvosa de 26 de novembro de 1983 (quando eu já estava com 22 anos), noite em que a felicidade bateu à minha porta, entrou em minha vida e no meu peito fez morada.

E de lembranças em lembranças, lembrei-me de que hoje - exatamente hoje – faz 32 anos que Cleide - o alguém dos doces beijos que jamais ganhei - foi-se embora sem ao menos se despedir de mim.