UM LUGAR PARA ACONCHEGAR A ALMA.
Dias como o de hoje, nublado e frio. Me remetem diretamente à cozinha de minha casa quando criança.
Acordar quentinha coberta pelos pesados cobertores de feltros, acabados nas pontas por pontos de crochê em cores vibrantes.
Seguir direto para a cozinha, me sentar à mesa e olhar feliz o cenário aconchegante.
O fogão a lenha, com labaredas avermelhadas e gulosas, esquentava tudo que havia por sobre ele. E de sobra deixava a cozinha quentinha.
O filão de pão sobre a toalha bordada em ponto cruz, pela minha mãe.
Minha avó perguntava: quer que coloque uma fatia de pão na chapa com manteiga? Minha cabeça balançava feliz, dizendo que sim!
O leite misturado ao café, adoçado com muito açucar ou mel. Ninguém dizia que açucar fazia mal.
O bolo de fubá ou de mandioca, quase sempre fazia parte do desjejum.
Pra quem tinha o estômago mais resistente. Minha avó, esticava a mão e pegava no varal acima do fogão a lenha, umas linguiças, feita em casa, por meu pai, e colocava na chapa quente. Não demorava, e elas exalavam o aroma inconfundível, que ganhava a rua.
Geléias de goiaba, laranja, figo ou amoras, dependendo da época. Lambuzavam minha boca.
Tempo onde casa tinha cheiro de comida.
Tempo onde família se reunia a volta da mesa, pra comer e conversar. Nem que fosse pra brigar, mas se reunia.
Tempo onde as pessoas, tinham tempo de ter tempo.
Hoje, as casas estão com cara de pasteurizadas. Os fogões estão sempre brilhando, a pia da cozinha, sempre vazia e limpa.
Cada um pega seu prato e põe no microondas.
E depois na máquina de lavar pratos.
No chão nem uma migalha de pão se encontra.
A mesa está quase sempre solitária, dificilmente é ocupada por todos os moradores ao mesmo tempo.
Essa geração não terá saudade da comida da mãe, das conversas ao redor da mesa. Nem do cheiro do café se lembrarão, pois hoje, há os solúveis de rápido preparo.
Ah! Que pena tenho dessa geração.
Feito de pessoas apressadas, correndo atrás sei lá do que. E sem tempo de conviver.
Com certeza, essas crianças e jovens, tem muito mais em termos materias, e conhecem muito mais coisas que eu conheci, na idade deles.
Mas, nunca trocaria o que tive, por essa avalanche de coisas que se tem agora.
O calor daquela cozinha, o tempo passado ali, a volta da mesa.
Os cheiros, as vozes, os sabores, o afeto, moram dentro de minha alma.
Foi para lá, que em momentos de dor e tristeza corri. E ainda corro.
Foi naquela cozinha simples, que me refugiei e ainda busco abrigo e colo, quando a vida fica árdua demais.
Isso me faz pensar: Pra onde será que as crianças de hoje vão, em momentos de desencanto e tristeza?
Dias como o de hoje, nublado e frio. Me remetem diretamente à cozinha de minha casa quando criança.
Acordar quentinha coberta pelos pesados cobertores de feltros, acabados nas pontas por pontos de crochê em cores vibrantes.
Seguir direto para a cozinha, me sentar à mesa e olhar feliz o cenário aconchegante.
O fogão a lenha, com labaredas avermelhadas e gulosas, esquentava tudo que havia por sobre ele. E de sobra deixava a cozinha quentinha.
O filão de pão sobre a toalha bordada em ponto cruz, pela minha mãe.
Minha avó perguntava: quer que coloque uma fatia de pão na chapa com manteiga? Minha cabeça balançava feliz, dizendo que sim!
O leite misturado ao café, adoçado com muito açucar ou mel. Ninguém dizia que açucar fazia mal.
O bolo de fubá ou de mandioca, quase sempre fazia parte do desjejum.
Pra quem tinha o estômago mais resistente. Minha avó, esticava a mão e pegava no varal acima do fogão a lenha, umas linguiças, feita em casa, por meu pai, e colocava na chapa quente. Não demorava, e elas exalavam o aroma inconfundível, que ganhava a rua.
Geléias de goiaba, laranja, figo ou amoras, dependendo da época. Lambuzavam minha boca.
Tempo onde casa tinha cheiro de comida.
Tempo onde família se reunia a volta da mesa, pra comer e conversar. Nem que fosse pra brigar, mas se reunia.
Tempo onde as pessoas, tinham tempo de ter tempo.
Hoje, as casas estão com cara de pasteurizadas. Os fogões estão sempre brilhando, a pia da cozinha, sempre vazia e limpa.
Cada um pega seu prato e põe no microondas.
E depois na máquina de lavar pratos.
No chão nem uma migalha de pão se encontra.
A mesa está quase sempre solitária, dificilmente é ocupada por todos os moradores ao mesmo tempo.
Essa geração não terá saudade da comida da mãe, das conversas ao redor da mesa. Nem do cheiro do café se lembrarão, pois hoje, há os solúveis de rápido preparo.
Ah! Que pena tenho dessa geração.
Feito de pessoas apressadas, correndo atrás sei lá do que. E sem tempo de conviver.
Com certeza, essas crianças e jovens, tem muito mais em termos materias, e conhecem muito mais coisas que eu conheci, na idade deles.
Mas, nunca trocaria o que tive, por essa avalanche de coisas que se tem agora.
O calor daquela cozinha, o tempo passado ali, a volta da mesa.
Os cheiros, as vozes, os sabores, o afeto, moram dentro de minha alma.
Foi para lá, que em momentos de dor e tristeza corri. E ainda corro.
Foi naquela cozinha simples, que me refugiei e ainda busco abrigo e colo, quando a vida fica árdua demais.
Isso me faz pensar: Pra onde será que as crianças de hoje vão, em momentos de desencanto e tristeza?