Usurpando as invenções

A criatividade é uma das grandes responsáveis pela evolução do universo, o homem que recebe a dádiva de beber desta fonte se diferencia dos demais, pois assume o privilégio de criador deixando seu nome gravado eternamente nas paredes da história. A criatividade dos grandes inventores às vezes passa despercebida pela rotina de parte da população e pela praticidade que o utilitário, o adorno, o veículo, o avião e etc., produzem ao ser. Porém é bom voltar um pouco ao passado lembrando estas figuras, pelo menos para esquecermos que existe no mesmo planeta escórias do tipo: George W. Bush, Shimon Peres, Jair Bolsonaro, o pai de Isabela Nardoni e Jacinto pinto da Silva. A pequena cidade de Juramento a 36 km de Montes Claros é a Pátria de Valdeci Veloso um técnico de Enfermagem que desde pequeno mostrou um senso criativo muito forte inventando parlendas e fazendo esculturas em toá, encontrado na beira da Barragem que é o ponto turístico do lugar. Foi muito aclamado até o dia em que um professor de Artes Plásticas de Montes Claros disse aos seus pais que sua arte lembrava o Aleijadinho grande artista barroco, conta hoje o próprio até em tom de galhofa, que seu pai puxou um facão e só não decapitou o professor por que as pernas não alcançaram,vociferando que Aleijado é a p.q.p. e, daquele dia em diante proibiu a pratica da escultura por medo do aleijão. Bem, mas o técnico é o responsável de honra pela criação do cotonete, segundo o livro das criações não publicado, mas atestado pelo próprio juramentense e pelos seus tios Zé Porrinha, Juca Talagada e Moacir Come Cabra, a idéia surgiu no dia em que sua tia Jerosina futucou tanto os ouvidos tentando tirar cera que acabou sangrando, o menino prodígio vendo aquilo pegou um pedacinho de algodão e enrolou nas pontas de um palito de fósforo, depois deste dia Juramento em peso usava o utensílio para aliviar-se das coceiras provocadas pela sujeira. Alguns até se exibiam com o instrumento no bolso aos domingos de calor e turistas. Porém um destes turistas vendo aquela forma inédita de limpar os ouvidos fotografou e vendeu aos irmãos Jhonson & Jhonson que adaptaram o algodão a uma haste de plástico mais confortável e assim o mundo todo usa o cotonete ampliando a fortuna dos irmãos, e o amigo Valdeci disto tudo resta apenas o apelido de cotonete. Em Lontra, nos anos 20, um conhecido benzedor por nome Norildino Ramo roxo arrancava cascas de uma árvore conhecida por Noideira e misturava ao mel de Jataí. Esta mistura resultava numa tinta que era usada para escrever em diversos tipos de materiais sem perder a plasticidade, os papéis que recebiam a invenção eram expostos e a venda da tinta fazia o benzedor famoso, até comercializar já estava conseguindo. Os Jornais Paulistas da época foram os primeiros a divulgar o invento e atiçar os grandes empresários de todo o mundo a patentear o simplório Lontrino, mas o que aconteceu foi um golpe rasteiro dado pelo senhor Marcel Bich, um italiano nacionalizado francês, que induziu o moço pela fé custeando uma viagem sua para conhecer o local onde seria construído o Estado do Vaticano sede do poder Papal, nesta época, o tratado de Latrão estava sendo assinado e a Santa Igreja beijava a mão do Fascismo. Seu Nono como era conhecido teve o direito de levar toda a família e quantos amigos quisesse. Segundo relatos, a cidade toda foi convidada ficando apenas João Cú de bode, que era o guarda noturno para vigiar as ruas desertas. Resumindo, uma semana com tudo pago na mais perfeita mordomia. O Modesto aprendiz de inventor não sabia sequer assinar o nome para atender os autógrafos inclusive do secretário do Papa, mas usou a digital tantas vezes que perdeu as linhas até da mão esquerda voltando na carne viva. Após o passeio à surpresa: os meios de comunicação de todos os cantos do mundo anunciavam o invento que revolucionaria a história da escrita, tratava-se das canetas “Bic” com uma tinta que jamais alguém imaginou em cor e consistência, a exemplo do amigo de Juramento o benzedor morreu amarrado numa camisa de força gritando que fora traído pelo Papa. De outro golpe histórico foi vítima Maria de Belarmino lá de Tocandira, pacata vendedora de biscoitos na beira da linha nas passagens do trem Baiano, nas horas vagas ela tirava uma pasta da resina do Jatobazeiro e, passava nos dentes para clarear do excesso do cigarro de palha. Era sucesso absoluto sendo encomendado até por dentistas de Monte Azul e farmacêuticos de Capitão Enéas. Porém, numa viagem pelos sertões norte mineiros, dizem os comparsas que foi por acaso, mas de acordo o notável antropólogo Darcy de Campos, estudioso das comunidades criadoras e ludibriadas por estrangeiros, foi uma jogada de mestre. Ele sabia o que iria encontrar ali. Um ardiloso vendedor e fabricante de sabonetes, inglês de nome Willian Colgate sabendo daquela novidade e da simplicidade de dona Maria trocou duas caixas de sabonetes com desodorantes Rexona pela idéia da dona de casa, e em pouco tempo transformou a simples mistura da resina no mundialmente famoso creme dental Colgate. Maria de Belarmino não se deprimiu pois nunca soube que a pasta que escova seus poucos dente é fruto do seu invento, pelo contrário, se vangloriava dizendo ter passado a perna no estrangeiro que lhe deu tanta coisa cheirosa em troca daquele inguento de Jatobá. Só não suportou o crime de FHC quando tirou o trem de circulação em 1996. Em janeiro de 1997 fora enterrada depois de se enforcar com a corda do balanço dos filhos no mesmo pé de jatobá que escorria a resina.