LIVRE DO ORKUT

O dia em que me livrei do Orkut foi para mim um imenso alívio. Êta porcaria bem indiscreta. O melhor sistema de bisbilhotice já inventado. E como se não bastasse tem também o Facebook, que é ainda mais abrangente.

As pessoas mais chatas e insuportáveis do planeta conseguem encontrar você através dessa coisa maravilhosa que é o Orkut. Ex-namorados, ex-amigos, parentes distantes que você nem lembrava ou nem sabia que tinha, aqueles conhecidos chatinhos dos quais você faz questão de fugir, pessoas inconvenientes de todas as classes, idades, cores e tamanhos encontram você lá.

Quando você menos espera dá de cara com aquele recadinho: finalmente te encontrei, me adiciona.

Que coisa boa, né?

E as fotos então? Quanta foto ridícula as pessoas põem no Orkut. Tem gente que se dá ao trabalho de adicionar novas fotos quase todos os dias, pra fazer parecer aos olhos dos outros que sua vida é muito agitada e interessante. O que gera efeito contrário. Porque pessoas que tem uma vida realmente interessante, certamente têm coisas muito mais importantes pra fazer do que ficar postando fotos em redes sociais. Ou seja, se você faz isso, as pessoas percebem que a sua vida é uma tremenda chatice.

Também tem aqueles que postam fotos quase sem roupa. Esses aí a gente já sabe que estão com uma tremenda carência sexual.

E quando a pessoa está com dor de corno, mas quer dar a entender que está por cima, ela sempre escreve aquelas frases ou entra naquelas comunidades do tipo: a fila anda, se você não quer tem quem queira, eu pego mas não me apego. É triste, porque a pessoa pensa que está arrasando enquanto na verdade está passando um baita atestado de solidão e dor de corno. Todo mundo percebe que a figurinha está sozinha e arrasada.

Tem também aqueles que fazem questão de escrever algo do tipo: estou muito feliz! Estou curtindo a vida adoidado. Pronto, esse é outro também que na verdade está super infeliz e sem nada pra fazer.

Quando uma pessoa é muito feia ou tem complexo de feiúra, ela sempre entra em comunidades do tipo: eu sou gostosa, todo mundo me quer, eu sou o cara. E por aí vai...

E os joguinhos viciantes? Eu tenho uma tia velha que ficou viciada na Mini-Fazenda e agora não sai mais de casa. Tem gente que se dá ao trabalho de ficar controlando no relógio a hora exata de colher seus abacaxis, tomates, etc. Tá aí outra coisa que também passa atestado de falta do que fazer.

Enfim, através do Orkut e de outras redes sociais você pode descobrir muita coisa sobre a vida das pessoas: se elas são casadas ou solteiras, se estão com dinheiro no bolso ou desempregadas, quais são os lugares que costumam frequentar. É um perigo! E os bisbilhoteiros de plantão fazem a festa. Também há que se tomar muito cuidado pra não fazer papel ridículo na tentativa de impressionar os outros.

Por essas e por outras, eu tratei de me livrar o Orkut.

A Alquimista
Enviado por A Alquimista em 04/07/2011
Reeditado em 14/09/2011
Código do texto: T3073855
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