Um dia eu emagreço...

Ainda vou morrer tentando emagrecer com uma dessas receitas infalíveis que eu escuto por aí. O duro é que eu continuo acreditando em milagres instantâneos. Talvez por isso, tenha me ferrado muito ultimamente, pois, além de gastar boa parte do meu pagamento comprando revistas que estampam na capa dezenas de mocinhas com 100 kilos antes e 70 quilos depois de uma semana, “torro” mais uns duzentinhos em alimentos que nunca saem de dentro dos potes no armário. Vou contar a vocês minhas últimas tentativas frustradas de emagrecimento.

Meses atrás uma amiga me falou de uma tal dieta do vinagre. A poção mágica era simples: uma colher de sopa de vinagre antes do almoço e uma antes do jantar. Não era necessário nem reduzir os doces. A dieta prometia queimar todas as calorias dos alimentos ingeridos. Tomei uns dois vidros de vinagre e comecei realmente a emagrecer. De tanto vomitar!!! A tal substância atacou meu fígado de uma tal maneira que quase precisei de um transplante. Refeita do susto comecei a dieta da melancia, para contrabalancear. Era simples: eu tinha apenas que trocar o almoço e o jantar pela fruta sugerida. Aguentei firme uns três dias. De vez em quando mastigava, escondida, umas sementinhas, imaginando engolir um torresminho pururuca. A fome era tanta que eu não conseguia nem dormir tamanho o barulho que meu estômago fazia. Aquilo não eram roncos, eram grunhidos!

Prometi a mim mesma que procuraria uma nutricionista, mas desisti da promessa assim que recebi um e-mail de uma tia falando de um tal de regime do feijão branco. Fácil, fácil! Era só moer no liquidificador um punhado desses grãos, misturando uma colher desse pó num tanto de água. Uma dose antes do almoço e uma dose antes do jantar. Comprei logo dois quilos de feijões. E comecei a penitência. O troço inchava na barriga de um tanto que era impossível não lembrar dele o dia todo. Fora que não acabava com a fome nem um pouquinho... aguentei firme uma semana. Nem um dia a mais, nem um quilo a menos! Depois de desintoxicar o estômago com dois litros de coca-cola gelada, fui ao mercado comprar frutas. Para comê-las com leite condensado, lógico! Na banca do estacionamento, uma capa de revista chamou minha atenção: “Dez quilos mais magra nesse verão com a dieta milagrosa do abacaxi”. Gastei o dinheiro das frutas na revista. A dieta consistia em comer pelo menos dois abacaxis ao dia, antes das principais refeições. Depois de oito dias, precisei ser internada. Minha taxa de ácido úrico estava cinco vezes além da normalidade. Minha urina estava tão ácida que era capaz de desentupir todos os ralos do Morumbi. Aftas explodiam a céu aberto. A língua ficava mais fora da boca do que dentro. Depois do tratamento, sosseguei uns meses. Foi então que me convenceram a experimentar a famosa ração humana. Gastei mais uns trocos com os ingredientes e mais um pote de vidro para guardar a tal ração milagrosa. Comecei tomando um copo de vitamina pela manhã (misturada com esse farelo) e outro na janta, substituindo a refeição da noite. Depois de três semanas engordei dois quilos e meio. Depois de quatro semanas, comecei a latir... de fome!!! Qualquer ossinho me alegrava! Antes de desistir, uma amiga me convenceu a tentar outro método que consistia em não tomar nenhum tipo de líquido nas refeições, terminando-as com uma caneca dupla de chá bem quente. Logo no segundo dia a diarréia apostava corrida com a azia. De raiva, me entupi de chocolate por quase uma semana. Depois, veio a culpa. Foi aí que criei vergonha e comecei a caminhar. Quinze dias depois, meu joelho travou. Diagnóstico: lesão no menisco. Primeira recomendação: cortar as caminhadas. Agora, além de gorda, estava manca!!! É muito para uma pessoa só! E ficaria manca por muito tempo, já que a grana para cirurgia estava em extinção! Convênio médico é igual à empregada doméstica. Só damos o real valor quando perdemos! Mas como pobre dá jeito para tudo, aprendi a rebolar discretamente, disfarçando a dor que sentia ao trocar os passos. Hoje até que nos damos bem: eu e a dor no meu joelho! Apesar dos inúmeros tombos que já levei ao levantar, aprendi a tirar alguma vantagem nisso! Quando chegam aquelas magrelas, secas esturricadas e alfinetam: “você precisa praticar algum exercício físico...” vou logo respondendo, com a maior cara de cínica: “bem que eu gostaria, mas estou proibida pelo meu ortopedista. Lesão no menisco.”

É como sempre digo: tudo nessa vida tem seu lado bom... e o tal menisco que se dane!!!!