Escritor por escritor
Ah, como me pesam as palavras. Eu, que as abandonei sem explicação.
O escritor está velho. Cansado, por assim dizer. Suas vontades são poucas. Nada lhe inspira. Mentira. Quase nada. Ainda existe um pouco de tudo. Do que ele pode estar ansiando?
Ele é complicado; assim como todos nós; pensa em uma coisa mas escreve outra: um mentiroso? Não, somente um ocultador de palavras; ele observa. Gosta tanto. Falar lhe causa arrepios. Gosta mesmo é de olhar. Perceber os “eus”, o íntimo; ele é escritor, né...
A marca do tempo está exposta em suas mãos. Mãos estas que delinearam tanta coisa nesses anos.
Ele quer encontrar um pseudônimo para desabafar. Quer escrever/descrever um fantasma. Tudo coisa da sua imaginação. Mas se não fosse, qual graça teria? Deixe-o trocar a realidade pela ficção, é gostoso. Quem nunca inventou fantasmas? Quem nunca quis ser um fantasma?
Tão gostoso criar. Seja lá qual tipo for sua história. Não importa. O escritor sabe. Assim como alguns. É um ciclo viciante. Às vezes não dá para parar. E quem disse que eu quero parar?
Talvez só largue o papel quando não puder mais respirar.