O forró daqui é melhor do que o seu?
Encerrando a página de junho, mês de festejos do primeiro ao último dia em várias cidades do nordeste, constato que, pela primeira vez em muitos anos, sinto-me devedora em relação a minha contribuição na festa.
Por compromissos de trabalho não recebi amigos em casa no dia de Santo Antônio e meu dia de celebrar a vida, mas prometi ao Santo que o farei em dia e hora a combinar com ele e com minha agenda. Por questões de saúde descansei mais que festejei o S. João e o S. Pedro abrindo exceções aqui e ali quando o corpo permitiu.
Do visto e vivido, a sensação de que cada vez mais nos distanciamos dos festejos da forma mais saudável, das tradições que sustentou ao longo da história, nossa identidade cultural. Há quem mate e morra pelas disputas das quadrilhas estilizadas que, como espetáculo, tem seu brilho e valor, mas não me convencem como expressão do jeito de ser e viver do nordestino.
Sou chata. Atrações contratadas a peso de ouro com dinheiro público, deveriam no mínimo, obedecer ao critério, cuja apresentação devesse conter elementos que ressaltassem a cultura, ressaltassem valores éticos e de civilidade, mas, salvo exceções, muitas dessas “atrações” seriam apropriadas para um circo dos horrores, com mulheres seminuas em coreografias de sentido no mínimo duvidoso, músicas que incitam a violência e promovem o mau gosto, a baixaria. Nada contra a quem canta o que quiser e lhe aprouver, ou quem gosta de ouvir, mas com dinheiro PÚBLICO acho um acinte!
Minha chatice reconhece acertos. Pude ver e sentir que nas cidades do interior (não todas, é claro) ainda se luta bravamente para se manter algumas tradições como as quadrilhas matutas, o degustar das comidas típicas da época, a contratação de atrações ligadas aos festejos juninos, a festa nas casas das famílias, a decoração mais característica, entre outras.
Para minha alegria, visitei amigos no S. João e mesmo não tão bem de saúde, aproveitei esse clima de genuína alegria.
De volta a casa, fui ao show de Alcymar Monteiro, me emocionei com as músicas que fazem sucesso há muito tempo e os aboios cantados por ele e seus fãs a plenos pulmões...Gente simples, com filhos pequenos e talvez netos. Gente que como eu, não nega sua raiz. Minha alegria se completou quando na despedida Alcymar lembrou: “Podem trazer seus filhos ao meu show, aqui não se canta baixaria”. Nem preciso dizer o quanto foi aplaudido.
Também quero parabenizar o gol de placa que foi a festa de rua dos SERESTEIROS DA PITANGUINHA no dia 28, um grupo que ao longo de 16 anos faz resistência cultural aqui em Alagoas. Das caras festas para privilégio de poucos ao arraial com milhares de pessoas festejando, vestidas a caráter, maravilhadas com as atrações que destacavam a fina flor da música nordestina foi um salto e tanto. Além dos próprios Seresteiros, a animação ficou por conta de Chau do Pife, da cantora Wilma Araújo e de Tião Marcolino, numa canja especial. Encerrar a noite ouvindo a beleza da voz de Khristal, uma potiguar que encanta com sua apresentação personalíssima, foi um privilégio que precisamos repetir ano que vem.
Para encerrar os festejos e comemorações juninas, fui à procissão de S. Pedro na paróquia do Pontal da Barra, na tarde do dia 29. Organizada pela colônia de pescadores, já fazia alguns anos que não era realizada e mesmo na simplicidade, foi bonito ver a expressão da fé e do respeito às tradições daquela comunidade às margens da lagoa Mundaú.
Tenho plena consciência que o forró daqui NÃO é melhor do que o seu, mas a ideia de festejar de forma saudável e respeitosa as nossas tradições e costumes nas festas juninas é a minha bandeira e certamente a de muitos e muitas que, como eu, sabem que, para além da diversão, o que está em jogo numa festa dessa magnitude é a sobrevivência da nossa identidade como povo nordestino, cujas raízes rurais são fonte de inspiração para praticamente todas as expressões da arte que se faz nesse país.
O forró daqui NÃO é melhor do que o seu, mas quem sabe não chega perto?
Encerrando a página de junho, mês de festejos do primeiro ao último dia em várias cidades do nordeste, constato que, pela primeira vez em muitos anos, sinto-me devedora em relação a minha contribuição na festa.
Por compromissos de trabalho não recebi amigos em casa no dia de Santo Antônio e meu dia de celebrar a vida, mas prometi ao Santo que o farei em dia e hora a combinar com ele e com minha agenda. Por questões de saúde descansei mais que festejei o S. João e o S. Pedro abrindo exceções aqui e ali quando o corpo permitiu.
Do visto e vivido, a sensação de que cada vez mais nos distanciamos dos festejos da forma mais saudável, das tradições que sustentou ao longo da história, nossa identidade cultural. Há quem mate e morra pelas disputas das quadrilhas estilizadas que, como espetáculo, tem seu brilho e valor, mas não me convencem como expressão do jeito de ser e viver do nordestino.
Sou chata. Atrações contratadas a peso de ouro com dinheiro público, deveriam no mínimo, obedecer ao critério, cuja apresentação devesse conter elementos que ressaltassem a cultura, ressaltassem valores éticos e de civilidade, mas, salvo exceções, muitas dessas “atrações” seriam apropriadas para um circo dos horrores, com mulheres seminuas em coreografias de sentido no mínimo duvidoso, músicas que incitam a violência e promovem o mau gosto, a baixaria. Nada contra a quem canta o que quiser e lhe aprouver, ou quem gosta de ouvir, mas com dinheiro PÚBLICO acho um acinte!
Minha chatice reconhece acertos. Pude ver e sentir que nas cidades do interior (não todas, é claro) ainda se luta bravamente para se manter algumas tradições como as quadrilhas matutas, o degustar das comidas típicas da época, a contratação de atrações ligadas aos festejos juninos, a festa nas casas das famílias, a decoração mais característica, entre outras.
Para minha alegria, visitei amigos no S. João e mesmo não tão bem de saúde, aproveitei esse clima de genuína alegria.
De volta a casa, fui ao show de Alcymar Monteiro, me emocionei com as músicas que fazem sucesso há muito tempo e os aboios cantados por ele e seus fãs a plenos pulmões...Gente simples, com filhos pequenos e talvez netos. Gente que como eu, não nega sua raiz. Minha alegria se completou quando na despedida Alcymar lembrou: “Podem trazer seus filhos ao meu show, aqui não se canta baixaria”. Nem preciso dizer o quanto foi aplaudido.
Também quero parabenizar o gol de placa que foi a festa de rua dos SERESTEIROS DA PITANGUINHA no dia 28, um grupo que ao longo de 16 anos faz resistência cultural aqui em Alagoas. Das caras festas para privilégio de poucos ao arraial com milhares de pessoas festejando, vestidas a caráter, maravilhadas com as atrações que destacavam a fina flor da música nordestina foi um salto e tanto. Além dos próprios Seresteiros, a animação ficou por conta de Chau do Pife, da cantora Wilma Araújo e de Tião Marcolino, numa canja especial. Encerrar a noite ouvindo a beleza da voz de Khristal, uma potiguar que encanta com sua apresentação personalíssima, foi um privilégio que precisamos repetir ano que vem.
Para encerrar os festejos e comemorações juninas, fui à procissão de S. Pedro na paróquia do Pontal da Barra, na tarde do dia 29. Organizada pela colônia de pescadores, já fazia alguns anos que não era realizada e mesmo na simplicidade, foi bonito ver a expressão da fé e do respeito às tradições daquela comunidade às margens da lagoa Mundaú.
Tenho plena consciência que o forró daqui NÃO é melhor do que o seu, mas a ideia de festejar de forma saudável e respeitosa as nossas tradições e costumes nas festas juninas é a minha bandeira e certamente a de muitos e muitas que, como eu, sabem que, para além da diversão, o que está em jogo numa festa dessa magnitude é a sobrevivência da nossa identidade como povo nordestino, cujas raízes rurais são fonte de inspiração para praticamente todas as expressões da arte que se faz nesse país.
O forró daqui NÃO é melhor do que o seu, mas quem sabe não chega perto?