Os dois de julhos...

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As janelas da minha casa sempre eram prepotentes... E as do meu quarto se abriam para o verde... Dois pinheiros enormes. Gramado sem fim.

As janelas do meu quarto não se sabiam ainda. Mas havia vida. Quem dera no meu tempo eu soubesse qual verde, qual vida...

Às vezes, as janelas do meu quarto se abriam para um verde esbranquiçado... cinzento, gelado. E o sol ficava dentro. Por entre as gretas, por entre as madeiras das janelas que dividiam cada entalhe.

Eram janelas comuns. Mas quando se abriam, prendiam-se entre as folhas de madeira os dois pedantes soldadinhos de chumbo (no caso, de bronze)... Eles (os soldadinhos) não sabiam, mas eu os amava, como quem ama os príncipes e reis de plantão.

E o bronze dos soldados (reis, príncipes...) se uniam às cores das folhas (das paredes), sempre amarelas, sempre douradas, fizesse sol, fizesse chuva, fizesse geada...

Minhas janelas sempre se abriram para a esperança.

(Adriana Luz - 02 de julho de 2011)

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