Elogio: uma fonte de vida.

Às vezes me pergunto por que as pessoas são tão avessas ao elogio? Minhas dúvidas se transformam em lamento, quando vejo que é mais fácil insultar do que elogiar.

Essas duas questões envolvem um paradoxo, haja vista que se formos fazer uma entrevista na rua, parando as pessoas para a seguinte pergunta: - Você é do mal ou é do bem? Creio que a maioria delas responderia, sem titubear, que são do bem. Pois é. Aí vem uma questão curiosa, se perguntássemos a essas mesmas pessoas se o insulto é do bem ou do mal, certamente, que todas responderiam que é do mal. Se perguntássemos, também se o elogio é do bem ou do mal, creio, que todas responderiam, sem nenhuma dúvida, de que o elogio é do bem.

Como está claro que o elogio é do bem e o insulto é do mal e todos nós queremos estar ao lado do bem, por que então tantas pessoas preferem insultar ao invés de elogiar? Você já parou para pensar nessa questão? Eu diria que existe um fascínio, quase imperceptível na alma da pessoa que insulta, conquanto, existe uma omissão, um freio ABS, no espírito de quem deveria elogiar.

Penso que a questão é de um conteúdo ego centrista sem tamanho. Explico: ao insultar estamos extravasando a conduta de outrem, ou melhor, estamos mostrando o lado negativo de alguém. Veja que não falamos de nós, mas, de alguém. Já quando temos de elogiar e nos pegamos no nosso eu reticente, há no nosso íntimo, talvez, um cantinho de inveja, por que para proferir um elogio é preciso colocar a outra pessoa num patamar melhor que o meu. Seria esse o freio ABS que nos impede de ser franco com quem gostaríamos de jogar alguns confetes?

Apesar de todos esses nuances que são intrínsecos e que muitas vezes não conseguimos captar, em face da nossa pressa do dia a dia. Todos nós sabemos que um elogio é necessário e precisa ser proferido, já que não basta nossos gestos e nossas atitudes, como ficar ao lado da pessoa a quem admiramos, ou, dar indiretas. O elogio para ser útil ao ser humano deve ser direto e franco. Sem rodeios e sem hipocrisia. Deve ser algo que sai de dentro do coração, como uma flecha que visa um alvo.

Quantas vezes nos vimos perplexos com um fato, admirando o autor da proeza e, ao invés de extravasar nossas emoções, dizendo o alcance daquele ato dentro do nosso porvir, ficamos apenas de boca aberta sem saber o que dizer. Num primeiro momento essa inércia até faz parte do roteiro. Entretanto, existem pessoas que passam a vida inteira ao lado da outra e não é capaz de dizer num só segundo o tanto que a admira.

Acho que é por isso que as pessoas possuem seus ídolos. Aliás, os ídolos sempre são celebridades ou pessoas que estão fora do nosso alcance, inibindo nosso potencial de elogios, porque a distância impede de mostrarmos nossa consideração. Entretanto, existem outras pessoas que também são nossos ídolos, mas, que em face da convivência ou da rotina não percebemos da sua importância como mantenedores de nossa existência. Incluem-se nesse rol um infinito elenco: mãe, pai, filho, filha, avó, avô, esposa, amigos etc. Todas essas pessoas são nossos ídolos, porque não conseguiríamos viver sem elas. Não obstante, quantas vezes nós estamos grudados no nosso caramujo e não notamos que tais pessoas necessitam dos nossos elogios.

Num grupo de amigos, por exemplo, de convívio duradouro. Quantas vezes chegamos junto a algum deles para dizer de suas importâncias como cédulas dessa união? As pessoas devem ter o hábito de elogiar, não porque essa conduta lhe renderá frutos, conforme agem aqueles chamados ‘puxa-sacos’ que bajulam alguém com interesse pessoal. O elogio deve ser algo sincero e honesto. Aquele que é bajulado percebe com nítida precisão um elogio de uma consideração oportunista.

Enfim, quantos de nós já recebemos um elogio e ficamos quase sem fala, diante do nosso fã. Ouso dizer que o elogio é o alimento mais importante da alma. Aquele que trabalha e que tem uma conduta salutar no meio social é alguém que constrói positivamente para a sociedade, por isso, com toda certeza deve merecer um sonoro e eloqüente elogio.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 01/07/2011
Reeditado em 03/07/2011
Código do texto: T3069248