TERCEIRA OU MELHOR IDADE?
TERCEIRA OU MELHOR IDADE?
Crônica de Carlos Freitas
Sincera e honestamente? – Dos dois títulos, não fico com nenhum. Vejam-me como critico, e não um psicólogo, profissional capacitado e qualificado para analisar o comportamento humano. Todavia, ainda novato nos meus sessenta e três anos, tenho observado como certos rótulos inseridos pela mídia, podem ser danosos e maléficos a pessoas sadias. Uma pergunta martela minha cabeça: - Melhor Idade para quem? Só se for para Geriatras, Laboratórios, Farmácias, Psicólogos, Clínicas, Asilos e Planos de Saúde entre outros. Para mim soa melhor Adulto Idoso, ou simplesmente Idoso.
Os títulos que dão nome a essa crônica são rotulações enganosas. Não passam de terminologias ou nomenclaturas camufladas como o são: Lover boy, Morador de Rua, Dependente Químico, Afro-Descendente, Comunidade, Profissional do Sexo, Drukoréxico (restrição alimentar e compulsão, com consumo de álcool), Bi – Sexual etc. Meras máscaras fantasiosas, que escondem graves problemas sociais e duras realidades. Inibem a ação correta, ou a posologia indicada para resolvê-los ou minimizá-los. A impressão que tenho é que um enorme número de pessoas idosas e, impacientes, não vêem à hora de serem classificadas como da Terceira ou, Melhor Idade, para inconscientemente, se investirem de valores negativos, tornando-se insolentes, mal educadas, e inconvenientes. Por quê? – Porque assim rotuladas consideram-se com direitos e poderes ilimitados, acima do bem e do mal. Vou citar um exemplo - Qualquer pessoa educada que faz uso de coletivos, tem como principio ao ver um idoso em pé, oferecer-lhe o lugar. Todavia, existem alguns idosos que ao entrarem em um, lançam olhares fulminantes para as pessoas sentadas, como se os assentos, fossem propriedades suas. São reações desnecessárias, porque fui criado e educado, e, acredito a grande maioria, para que sempre que preciso, e em qualquer situação, priorizar a comodidade e o bem estar dos mais velhos, ainda que não idosos. Mesmo hoje, continuo agindo da mesma forma, como já o fazia na minha juventude. Outro exemplo - Em filas de estabelecimentos públicos ou privados, muitos, com exceções, agem com grosseria e insolência, ignorando os mais simples princípios de educação e regras de comportamento. Outro dia numa lotérica, estava na fila tradicional, e observava um desses casos: - Um senhor era atendido no guichê para idosos. Suas transações sendo finalizadas, porém, o idoso seguinte, sem motivo aparente, resmungava impaciente, e empurrava o homem à sua frente. Pegou os documentos que iria pagar e começou a colocá-los pela fresta do guichê para ser atendido. - Qual o motivo para tanta pressa, se já não tem mais sua vida atrelada a horários? Disso tudo, fica a impressão, de que investidas desses rótulos, essas pessoas acabam transformando-se em simples cobaias, preparadas para morrer, alienadas que estão do mundo real. Psicologicamente, esses rótulos transformados em neuroses, apropriam-se de suas mentes, e as impedem de procurar motivações e atividades para um final de vida mais feliz, saudável e sem traumas. Deveriam se nortear pelo bom senso que sempre os conduziu, e não desprezar o sinônimo de experiência, vivência, tolerância, equilíbrio, e principalmente, espelho que foram e são para as novas gerações. Esse manto danoso, sem que percebam, além de roubar-lhes a vida sadia de antes, e que ainda existe, os faz passar a viver nas sombras da cegueira, solidão e egoísmo. Por isso, prefiro ser taxado de adulto e até mesmo idoso. Não quero de forma alguma carregar esses rótulos. Se tiver as facilidades proporcionadas pelo Sistema - muito bem. Se não as tiver continuarei o mesmo ativo de sempre, usando minha perspicácia e capacidade. Quero continuar sendo um sujeito ativo, mesmo porque, nem tenho pressa para envelhecer. Em outras palavras – quero continuar sendo, como dizíamos no nosso tempo – “um coroa feliz”, e viver a vida em toda sua intensidade, plenitude e intelectualidade, sem neuroses ou depressões. Enfim, quero viver cada dia da minha existência, como se fosse sempre o último, porque esse, como já disse numa outra crônica, jamais o saberemos.