SOMOS PATOS?
Tem pato na lagoa, feliz, porque coisa que pato mais gosta, depois da pata é óbvio, é de nadar. Solte um pato num terreno cheio de árvores, frutos e água e lá vai ele, no seu andar bamboleante, dar um mergulho, seja calor ou frio. Tem pato nos campos de futebol. O Alexandre Pato, é claro! Que de pato não tem nada. Está mais para um belo condor, alçando vôos que embelezam os jogos e fazem a alegria dos torcedores. Tem o pato pateta, do Vinícius de Morais, que quebrou a tijela, bateu no marreco (ainda bem que não foi no Ganso!) e acabou na panela. Tem o pato que não é pato. É homem. É o cidadão que trabalha por um salário tão pequenininho que mal dá para suas mínimas necessidades. É a mão-de-obra barata que desenvolve a empresa do outro, que de pato não tem nada. É o eleitor que, a exemplo do personagem de Vinícius, cai no caldeirão fervente da politicagem inescrupulosa e ali afoga junto com suas esperanças. É o pato levado pelo cabresto, qual gado no matadouro, e que morre um pouco a cada dia, porque quem não tem esperança ou está morto ou nunca viveu. E tem o homem que não é pato. Aquele que vê e tem noção das coisas que o rodeiam. Que lê, é crítico e sabe separar a planta boa da erva daninha. Grita, fala, escreve, alerta, se posiciona.
Mas, muitas vezes, infelizmente, sua voz se perde e não encontra eco nos lagos onde navega o analfabetismo político, a ingenuidade e a boa fé.
Que tipo de pato somos nós?