Nossos preços

Não costumo abordar assuntos econômicos nacionais por ser leigo. Por isso conto com meus correligionários consumidores, porém também amadores no assunto, para compartilhar desse meu espanto. Há coisa de uma semana vem sendo veiculado na imprensa que os automóveis fabricados no Brasil são muito caros. Disso nós já sabíamos. Nós e as financeiras, o governo, os fabricantes e as distribuidoras. Parece que quem não sabia disso era a imprensa. Por seu lado, é possível que estas reportagens somente tenham sido feitas a partir de uma investigação; uma análise comparativa tal como se enuncia. Quando começamos a ler os textos logo imaginamos que o pessoal esqueceu que são os impostos quem oneram o custo final dos carros brasileiros, mas não: eles compararam retirando os impostos; com o preço apenas da produção. O fato é que não há explicação a ser dada que justifique pagar-se num Honda City R$ 15.000,00 a mais no Brasil em relação ao preço do México; R$ 30.000,00 a mais em um IX35 da Hyundai no nosso país em comparação com o preço na Argentina. Fustigados por perguntas dos repórteres os gestores das fábricas usaram diversos argumentos, mas nenhum parece convencer. Houve até quem dissesse que o Mcdonalds mais caro do mundo também é o do Brasil. Outro (o da Citroën) acusou Volks e Fiat de definirem os preços de carros. Noutro momento falaram dos preços da mão de obra, do aço, da concorrência dos importados... Ufa! Quanta conversa para justificar um aparente super cartel! De todo esse “debate” conclui-se muitas verdades. O Mc está caro, o aço, está caro, os carros, caríssimos, etc. Nós é que somos um barato; é só uma indústria vir se instalar num dos maiores mercados do mundo, que damos isenção de impostos, terreno, empréstimos do BNDES e outras “coizitas más” para podermos comprar seus produtos de padrão defasado e preço exacerbado enquanto exportamos por um terço a menos para o consumo de nossos hermanos.

Por favor, não imaginem os carros com preços baixos e as ruas e avenidas ainda mais entupidas. Imaginem um transporte público de qualidade e abrangente e estradas e avenidas grandes e modernas o suficiente para caber todos os veículos que pudermos ter, aliás, como acontece nas sedes dessas empresas automobilísticas.