Fim de Período
Uma prova amanhã. Teorias. Cinco livros pra ler até a próxima semana. Um nariz resfriado. Um bebê chorando, Um bebê chorando muito alto: – Porra! Cala a boca pirralho! Tento me concentrar no conteúdo, não há mais refrigerante na geladeira, fico horas e horas na escrivaninha, a lixeira já transborda de tanto papel amassado, falta tinta na impressora... Vai ter festa! Oh sim... Que máximo! Mas eu não vou.
Alguém aumenta o volume da TV.
- Putz! Não estão vendo que tem gente estudando?
Não, ninguém vê. Se você não estivesse estudando eles perceberiam logo logo. Não compreendem as tuas dores e inquietações, tuas tensões, nem eles e nem você compreendem, nem tão pouco o gracioso bebê que chora há mais de três horas sem interrupções. Agora você perde a linha do raciocínio e já nem sabe mais o que estava lendo. Confunde Platão com Plutão (isso aconteceu de verdade e eu não sabia o que queria dizer teorias plutônicas!). Nessa hora você rasga o papel acidentalmente e leva um tempão pra reescrever tudo de novo.
Finalmente hora de dormir, mal se deita... Toca o despertador. Levanta, corre para não se atrasar, ônibus cheio, chuva forte, acidente no trânsito, você esquece o celular, chega na metade da aula, o professor não te deixa entrar... Calma! Você acorda... Isso foi só um pesadelo... Melhor nem ter dormido. Levanta tenso, muito tenso. E em pouco tempo, lá estão vocês juntos: você e a prova: pedaço de papel inerte que te faz perder o sono, ter pesadelos, reclamar, ficar horas confinado no quarto... Pronto! Pensar nisto me faz perder o raciocínio. E você tem vontade de chorar horas continuamente, igual o bebê da sua vizinha.
[Esta crônica foi escrita há umas três semanas atrás, mas que teve que esperar acabar o período e começarem as férias para finalmente ser publicada.]