Sarapó em extinção
Vocês já viram alguém chorar por não ter peixe para comer? Ou pedir para se salvar os rios? Talvez sim, talvez não, mas, mesmo que os homens consigam determinar o porquê de se jogar lixo ou desmatar as margens dos rios, nada fazem para parar.
Cenas em que óleos são derramados nos rios ou qualquer outro tipo de agressão às águas são cada vez mais frequentes. A verdade é que o tempo de menino ir a riachos e rios para pescar está mais para ficção. Outro dia, em conversas com meus irmãos, eles me disseram que tinham histórias boas da infância, como as de Ulisses, de O. G. Rego de Carvalho. Hoje, eu não vejo muitos os meninos banhando no rio Piracuruca – deve ser por causa dos agrotóxicos que colocam nas margens.
O meu aprendizado de uma pescaria é dos tempos de meu pai Batista. Primeiro ele falava dos peixes do rio e do sabor de comê-los à beira d’água. Na verdade, há pessoas que nos fazem sentir em certos lugares. E me imagino numa noite de luar, vara de pescar e uma boa conversa com outras mulheres parentes de pescador.
Bem, o certo é que ter convivido com pescadores tem a vantagem de me fazer ter conhecido alguns tipos de peixes, como o nosso tão piauiense –ainda - sarapó.
Se você tem simpatia por pescaria, é fácil entender como me senti ao ler uma reportagem na revista Ciência Hoje das crianças, datada deste ano. Esse tipo de animal que mais parece uma cobra está ameaçado de extinção. E sabem qual a causa segundo os cientistas? Desmatamento.
Para mim, o mais difícil é entender por que precisam desmatar as margens dos rios. Eu sou chegada a uma sombra e água fresca. Esse é meu caso. E espero ter por muitos e muitos anos peixe para comer.