Para aquecer a alma...
Como gosto de cozinhar ( e de comer) leio sempre sobre aquelas comidas especiais que são chamadas de comidas de alma.
É claro que a conceituação varia a esse respeito, mas penso que as comidas que, além de nutrir o corpo, nutrem também a alma, são aquelas das quais nos recordamos por momentos ou pessoas especiais.
Assim é que, pensando em minha avó, Maria Fernandes, a minha comida de alma seria doce de abóbora, daqueles sequinhos por fora e molinhos por dentro. Sabendo o quanto eu gostava deles, sempre que eu chegava do colégio interno para as férias, eles estavam lá, a minha espera. Ainda hoje, mesmo diabética, eu não resistiria a um doce desse, se me fosse oferecido . Outra comida com sabor de afeto, mas essa mais difícil de conseguir nos dias de hoje, seria um bom bife suíno , preparado diretamente na chapa do fogão a lenha, algo proibido em minha casa. Nunca minha mãe se atreveria a deixar-nos sujar a chapa de seu fogão, brilhante e prateada como alumínio. Mas minha avó não estava nem aí, para ela mais valia o prazer de nos ver felizes.
Aos domingos, não só em nossa casa, mas provavelmente na casa de todo mundo em Arantina, o almoço era semelhante: arroz branco, frango ensopado, tutu ou feijão, macarronada com molho vermelho feita com macarrão furadinho. Que a gente punha na boca e ia chupando até que desaparecesse. Hoje essa comida ficou na saudade, tão grande é a variedade de produtos incorporados em nossa alimentação.
Também me sinto confortada quando como maçãs, na época de menina um regalo especial que o pai trazia de Barra Mansa, um perfume inesquecível. E comendo Chocolate em barra, ao leite e com passas, que o pai vendia na Padaria e que mal chegava era todo vendido. Como se ele não soubesse quem realmente comprava todo estoque. E havia também um chocolate bem escuro, acho que o nome era Refeição, antecessor do Batom, e com o qual eu adorava lambuzar a minha boca.
Qualquer comida mineira, daquelas bem de roça, fazem um bem danado a alma. Angu, couve, lingüiça, torresmo, pão de queijo e coisa e tal... Goiabada com queijo mineiro, queijo com melado, rapadura raspadinha.
Mas o melhor mesmo dessas comidas é a comida de mãe, o tempero de mãe . E entre essas algumas são mais fortes e confortadoras, como o pastel de bacalhau que ela fez para que eu levasse comigo a última vez que fui para o colégio interno mas que acabou todo bem mesmo antes que o ônibus chegasse ao seu destino; a sopa de fubá no qual se quebra um ovo nos momentos finais de sua cozeduras e outras sopas, qualquer sopa. Principalmente a sopa de macarrão, com muitas batatas, qualquer tipo de batatas e legumes e carne muita carne, acompanhada de um pãozinho francês. Bem quente, de comer assoprando para esfriar.
Alguém dúvida que certas comidas são os melhores remédios para almas feridas?
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Como gosto de cozinhar ( e de comer) leio sempre sobre aquelas comidas especiais que são chamadas de comidas de alma.
É claro que a conceituação varia a esse respeito, mas penso que as comidas que, além de nutrir o corpo, nutrem também a alma, são aquelas das quais nos recordamos por momentos ou pessoas especiais.
Assim é que, pensando em minha avó, Maria Fernandes, a minha comida de alma seria doce de abóbora, daqueles sequinhos por fora e molinhos por dentro. Sabendo o quanto eu gostava deles, sempre que eu chegava do colégio interno para as férias, eles estavam lá, a minha espera. Ainda hoje, mesmo diabética, eu não resistiria a um doce desse, se me fosse oferecido . Outra comida com sabor de afeto, mas essa mais difícil de conseguir nos dias de hoje, seria um bom bife suíno , preparado diretamente na chapa do fogão a lenha, algo proibido em minha casa. Nunca minha mãe se atreveria a deixar-nos sujar a chapa de seu fogão, brilhante e prateada como alumínio. Mas minha avó não estava nem aí, para ela mais valia o prazer de nos ver felizes.
Aos domingos, não só em nossa casa, mas provavelmente na casa de todo mundo em Arantina, o almoço era semelhante: arroz branco, frango ensopado, tutu ou feijão, macarronada com molho vermelho feita com macarrão furadinho. Que a gente punha na boca e ia chupando até que desaparecesse. Hoje essa comida ficou na saudade, tão grande é a variedade de produtos incorporados em nossa alimentação.
Também me sinto confortada quando como maçãs, na época de menina um regalo especial que o pai trazia de Barra Mansa, um perfume inesquecível. E comendo Chocolate em barra, ao leite e com passas, que o pai vendia na Padaria e que mal chegava era todo vendido. Como se ele não soubesse quem realmente comprava todo estoque. E havia também um chocolate bem escuro, acho que o nome era Refeição, antecessor do Batom, e com o qual eu adorava lambuzar a minha boca.
Qualquer comida mineira, daquelas bem de roça, fazem um bem danado a alma. Angu, couve, lingüiça, torresmo, pão de queijo e coisa e tal... Goiabada com queijo mineiro, queijo com melado, rapadura raspadinha.
Mas o melhor mesmo dessas comidas é a comida de mãe, o tempero de mãe . E entre essas algumas são mais fortes e confortadoras, como o pastel de bacalhau que ela fez para que eu levasse comigo a última vez que fui para o colégio interno mas que acabou todo bem mesmo antes que o ônibus chegasse ao seu destino; a sopa de fubá no qual se quebra um ovo nos momentos finais de sua cozeduras e outras sopas, qualquer sopa. Principalmente a sopa de macarrão, com muitas batatas, qualquer tipo de batatas e legumes e carne muita carne, acompanhada de um pãozinho francês. Bem quente, de comer assoprando para esfriar.
Alguém dúvida que certas comidas são os melhores remédios para almas feridas?
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