Eu não escrevo crônicas
Eu não escrevo crônicas. Não que eu não goste delas. Ao contrário!
Não escrevo porque não sei escrevê-las.
O verdadeiro cronista é aquele que faz magia com as situações cotidianas. Ele as transforma em deliciosos momentos de prazer, reflexão, lirismo, humor...
Quem foi mesmo que disse, com enorme precisão, “que o cronista é o poeta do cotidiano”?
Eu de minha parte procuro nos versos a expressão de anseios, sentimentos, tristeza, felicidade... Eu os persigo como quem deseja expressar o íntimo de suas inquietudes.
Mas crônicas eu não escrevo, pois por mais que as admire elas costumam apartar-se de mim com a prevenção de quem advinha tamanha falta de habilidade.
Queria ser capaz de alcançá-las nos olhos alegres, nos festejos, nos enamorados trocando juras furtivas de amor, na correria diária pro trabalho, naquele grito abafado que se libera quando sai o gol do time do coração, no gosto bom de sexta-feira às cinco e meia da tarde... Até nos piores momentos, que fosse eu as desejaria!
Mas como se eu não escrevo crônicas?
Não porque eu não goste delas. Ao contrário!
Apenas porque não sei escrevê-las.
Jane Simões