A vida vale uma vida...

O amor é um sentimento que mexe com o juízo das pessoas, "as tranformam em monstros!".Me lembro bem do momento em que me dei conta disso.

Estava feliz por poder conhecer um lugar que nunca sonhei e por isso não tinha nem a vontade de estar lá; colocaram-me dentro dele e eu fui ''andando'', até que cheguei em um espaço bonito e confortável. Adentrei. Não négo que forcei um pouco para entrar, mas quando consegui, soube que ali era o meu lugar ... Foi o que pensei!

Passando-se alguns meses e um pouco maior, fui dando sinais da minha presença, antes tivesse me aquietado até a hora de sair e me mostrar. Fiquei triste, nervoso e confuso sem saber o porquê, as sensações eram impostas a mim. Às vezes sentia que me "apurinhavam", e só me perguntava " O porquê?, Será que não era desejado?", não era culpa minha estar ali, me colocaram e eu apenas encontrei um lugar para esperar, até que me tirassem de lá.

Em uma manhã veio-me algo para comer, achei estranho, ainda não era a hora do ''café'' , mas comi... Comecei sentir mal, algo me puxava, "Como me puxar?", ainda não era hora, estava muito pequeno e indefeso, não encontrava-me pronto para sair. Ainda sim puxavam -me e aquela coisa que engoli me empurava. Foi aí que comecei a gritar, mas mamãe não me ouvia, esbravejava forte com toda a força que me restava, segurei, porém já sentia tudo doendo; falava com mamãe:

-Por que faz isso? não deixa, não! 'Ta machucando. -Aí! meus bracinhos, minhas perninhas... aí... aí... aí! 'tá doendo, porque estão quebrando meu corpinho?! Eu quero viver! mamãe... mamãe eu não consigo respirar!.... Por favor mamãe, deixa eu ficar só mais alguns meses!...

Já não conseguia mais me segurar, depois que todos os meus ossinhos foram quebrados e meu corpinho sem vida veio ao mundo, vim parar aqui dentro deste saco.

-' Tá tão frio aqui e estou tão sozinho, aqui não é como lá dentro da mamãe, quentinho e acochegante. Estava tão ansioso para ver o mundo e nem isso posso, me cegaram com aquele puxa, puxa.

Agora que mamãe não me deixou viver, só faço essa pergunta:

-Porque papai não me deixo ficar com ele mais um pouco?!...