O FRIO DA SOLIDÃO
Foi muito dificil sair da cama naquela manhã de inverno.
Lá fora eu ouvia o assoviar do vento gelado, como se fosse um sussurro de dor.
Lembrei dos andarilhos, descamisados, favelados. Mas minha maior preocupação naquele momento era com as crianças e os idosos.
Lembrei dos asilos e orfanatos, paredes frias e sem vida, falta de afeto dos familiares e amigos.
Mas o frio que eu sentia era na alma. Um frio inexplicável, doído.
Precisava sair daquela quarto, cumprir minhas obrigações como servidora pública.
Os medicos dão a isso o nome de depressão. Eu dou o nome de solidão.