NO ESCURINHO DO CINEMA
 

 
Pensando nas grandes salas de cinema lembrei das vezes em que fui ao cine Olido, no centro de São Paulo, em seus dias de glória. Uma pequena orquestra entretia a platéia no intervalo das sessões! Lembrei também que adolescentes, nas tardes de domingo íamos em turma a um dos dois cinemas no bairro das Perdizes, Haway e Esmeralda, onde encontrávamos outros jovens conhecidos. Era um corre-corre à procura dos lugares. Sentávamos aqui, logo mudávamos para acolá. Alguém acenava, lá íamos nós, pois todo mundo disfarçava (tanto os meninos quanto as meninas), o que queríamos mesmo era sentar-nos ‘por acaso’ perto de alguma paquera... Nessa época não era permitido aos rapazes entrar nos cinemas sem gravata. O filme em si nem importava tanto, essa diversão toda é que animava o programa, incluindo a volta para casa, a pé, quando as fofocas rolavam: fulano pegou a mão de fulana, não sei quem tascou um beijo em não sei quem... e ríamos sem parar.

 
Mais tarde foi inaugurado o inesquecível cine Astor, no Conjunto Nacional, que só exibia bons filmes e tinha poltronas modernas, bem largas e confortáveis, tudo muito luxuoso e chique. As pessoas iam bem vestidas e era somente lá que eu me atrevia a comparecer de calça comprida. Nos cinemas do centro, jamais. Ir ao cinema era um programa que compreendia a sessão e depois um lanche gostoso nas imediações, com muito bate-papo. Com o passar do tempo, já mais maduros, o lanche foi trocado por um bom jantar acompanhado de vinho tinto.