AS TRÊS SACOLAS

Hoje pela manhã fui à Vitória resolver um problema particular e uma cena no ônibus de Nova Almeida-Jacaraípe-Serra-ES (linha 806), chamou-me a atenção: um homem acompanhado de uma mulher, tinha nas mãos três sacolas plásticas de cor azul, com jiló, mamão e laranja. Após pagarem as passagens, passando pela roleta, o casal sentou-se despreocupado e, o homem que estava incumbido de carregar e vigiar as sacolas, colocou-as no chão sem ter o mínimo cuidado de amarrá-las devidamente para não provocar imprevistos, como acabou acontecendo. Na primeira freada brusca, o homem foi rápido em segurar as sacolas, para que os jilós, mamões e laranjas não saissem rolando pelo corredor do coletivo, o que infelizmente acabou acontecendo com uma laranja teimosa e fujona, que saindo facilmente da sacola aberta, rolou por todo o corredor do coletivo, indo parar nos degraus da porta de entrada, perto do motorista. Eu não sei o que veio a acontecer com aquela laranja depois do ocorrido, só sei que após perder aquela laranja teimosa e fujona, aquele homem resolveu amarrar todas as sacolas, o que deveria ter feito antes. O que me veio à mente, é que infelizmente a maioria das decisões por parte das pessoas na maioria das vezes, são tomadas tarde demais, depois das perdas consumadas, provenientes de pequenos descuidos que geram às vezes perdas irreparáveis. É hora de refletirmos sobre as três sacolas carregadas por aquele homem, para que os jilós, mamões e laranjas que a vida coloca sob os nossos cuidados, jamais venham a rolarem nos corredores dos diversos veículos que viajamos na jornada da própria existência; jilós, mamões e laranjas que às vezes perdemos para sempre e, fogem de nós como aquela laranja, porque não foi dada a ela a devida atenção. Jilós, mamões e laranjas, também podem ser pessoas que a vida coloca sob os nossos cuidados para testar se sabemos cuidar delas ou se as deixaremos fugir para sempre do nosso convívio por não termos a devida competência para cativá-las.