Remexendo a gaveta

Abri a gaveta e um papel amarelado pelo tempo, deslizou de minhas mãos.

Reconheci logo a letra e comecei a ler a pequena carta:

“Flor da minha vida. Tua luz e teu calor estão chegando aqui.

Não consigo deixar de pensar na minha fêmea.

Tua presença é constante. Aqui só chove e faz frio.

As ruas estão sempre congestionadas de carro e gente.

Não dá para aguentar a poluição.

Estou morrendo de vontade de voltar para o teu colo, minha casa e as corujas da jabuticabeira.

Até agora dormi todas as noites na casa da mamãe.

Ela faz chá com mel todas às noites.

Estou com ciúmes, e quando voltar vou te cobrir de beijos.”

Terminei a leitura e mergulhei no passado.

Passaram-se treze anos.

O homem que busquei por anos intermináveis, estava na cozinha.

Parei na soleira da porta e acariciei com os olhos seu trejeito jovial.

Cabelos revoltos, cor de ébano e tez queimada pelo sol.

Era a miragem de um príncipe do deserto...

Despertou o amor adormecido no meu coração.

Lá estava ele com o mesmo sorriso de menino, como se o ponteiro do tempo estivesse descansando. Beijei-o com ternura.

Reacendeu o fogo da paixão, e revivemos o encanto do nosso primeiro encontro...

O homem dos meus sonhos estava bem ao meu lado!

Era a predição do passado, que transcendia o presente extasiando minha alma.

magda crovador
Enviado por magda crovador em 24/06/2011
Reeditado em 26/05/2012
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