O SOM NOSSO... DO FIM AO COMEÇO!

(OBS.: é necessário se ler primeiro o texto anterior, O SOM NOSSO DE CADA DIA, para melhor compreender os argumentos deste, abaixo.)

O SOM NOSSO... do fim ao começo !

O Tecnobrega não foi o único "estilo" musical a usar -- com mais de 30 anos de atraso -- os recursos do sintetizador agora eletrônico (os primeiros, do tamanho de um armário, eram valvulados e com transistores), várias Bandas de rock e alguns guitarristas os empregariam, no final dos anos 70 e início dos 1980.

É preciso não confundir com os pedais de distorção (phaser, fuzz, flanger, reverb, delay, etc) que a invenção dos CIs, CMOS e MOSFETs propiciaram ao rock, de modo geral. No "pacote" viriam os multiteclados, KORG e YAMAHA entre os mais famosos, ou as "pianolas" CASIOtone VL-1 de 2 oitavas e meia.

O filme de rock mais comentado do planeta mostra o Led Zeppellin usando um "sintetizador" primitivo, que atua a partir dos movimentos do corpo/mãos, criado pelo cientista russo Theremin. Muitos dos exemplos que cito a seguir podem não ser originados graças a uma "programação aleatória de sons" -- a alma dos antigos "moog synthesizers" -- mas tão somente devido a uma distorção eletrônica de um determinado conjunto de acordes.

Algumas músicas se tornaram hits clássicos de distorção como "Don't fooled again" do The Who, "Frankestein" da Johnny Winter Group, a famosa 'Rumble tumble" do inesquecível Creedence C. Revival (em 1970!), a curiosa "Somebody stole my wife" da criativa Banda pseudocountry MUNGO JERRY -- num LP de título profético, "Eletronically Tested", de 1972 -- e a banda hardrock Sttenppenwolf inauguraria o uso de sintetizador de voz (via pedal?!) em "Corina, Corina". Pobre tecnobrega... só agora "descobre" o que já era de uso corrente em 1969 e que Peter Frampton consagrou num show ao vivo, que virou album duplo em 1976. Dave Mason seguiu pelo mesmo caminho, tempos depois.

Mas, estamos ainda em 1980 e tal... Herbie Hangcock poria seu LP "Monster" no topo da galeria dos melhores da música eletrônica, ao lado de Pink Floyd e o "hors concours" LP "The dark side of the moon" (1973/4) e os albuns do Kraftwerk.

Um pouco antes (1975) Robin Trower, discípulo de J. Hendrix, faria um clássico da distorção, o inigualável LP "For earth below". (Opinião não se discute... já diziam os antigos!) Nessa época "pipocaram" estranhos hits de bandas praticamente desconhecidas como a Titanic ("Macumba"), Climax Blues Band ("Sense of direction"), uma certa Armaggeddon -- com música que abria o JN da TV Globo -- além de microbandas alemãs com discos impactantes, como Jane, Can, Warhorse e mais as (suponho que) americanas Kansas, Golden Earring e Steve Miller Band.

Todas as Bandas (e grupos) citadas tinha a distorção sonora como base de sua música, na direção apontada pouco antes por Rick Wakeman, cujo teclado mágico catapultou o YES para a fama e "produziu filhos bastardos" como o Renaissance, o Gentle Giant e Jethro Tull, entre outros. O rock progressivo daqueles tempos (a "head music") é um terreno que não quero pisar... jamais consegui gostar realmente do estilo, embora não negue méritos para o trio ELP-Emerson, Lake & Palmer e a empolgante "Lucky Man", que apresentaram num show na Ilha de Wrigth, ao lado do incendiário Hendrix, antes mesmo de Jimmy exibir para o Mundo sua genialidade, em Woodstock, 3 dias de paz, chuva e rock'n roll.

Afinal, quando surgiu (a nível comercial, pelo menos) a "música" feita pelos "moog synthesizers", lá pelos idos de 1963 ou 65? Tudo indica que os Beatles (em sua fase indiana?) teriam usado algum tipo de programação "eletrônica". "Shaft", o filme que lançou Isaac Hayes, tem trecho da música-tema "synthetizada"... os negros americanos saíram na frente, Stevie Wonder com seu hit magnético "I'd like woman" e o Parliament (sentado num disco voador e com roupas "espaciais") com o LP arrasador "Funkadelic Connection".

É impossivel afirmar com segurança qual foi a primeira banda de rock a usar sintetizadores... mas o maestro americano Hugo Montenegro, de rara produção, lançou ao Mundo em 1971 o primeiro disco inteiramente sintetizado, o pouco divulgado LP "People... 121" (lê-se "one TO one"), com uma interpretação de "El condor pasa" de arrasar quarteirão.

Escavo inutilmente a memória senil para relembrar qual era o nome da banda inglesa chinfrim de rock (capa toda negra com letras prateadas) que, com a ajuda de uma orquestra, mostrou o caminho para os demais, com a música "Slow Train" (e "Hound dog"?!), filão sonoro que todos seguiriam. (*1)

Mas o primeiro sucesso comercial veio num "disquinho" de 2 faixas somente, os detestados Compactos: a música chamava-se "Popcorn" (traduzindo, pipoca) e o "titititi-tititi" inconfundível ficou na alma e na mente das gerações passadas. O ano? Talvez 1968, 69... logo depois uma certa VENUS -- não sei se nome da banda ou da música -- tentaria repetir o sucesso da anterior. Isso tudo é História... que a tal (banda/artista?) "Panamericano", tão parecida com a "Popcorn", nos obriga a recordar!

"NATO" AZEVEDO

(*1) OBS: a Banda se chamava PROCOL HARUM e usava orquestra com Rock, uma novidade na época!