ALMOFADAS .

    Tenho falado tanto em insônia e da minha varanda de onde observo o luar e as estrelas da madrugada que esqueço , e tenho mesmo cometido enorme injustiça com outra ou melhor, outras companhias que me aconchegam e esquentam nas madrugadas um pouco mais frias .

       Falo das almofadas do meu sofá que nunca, coitadas delas, nunca foram aqui citadas o que convenhamos , é uma enorme injustiça .

      O meu sofá preferido, aquele mesmo que já tem os moldes das minhas costelas e sabe perfeitamente a posição que gosto de ficar deitado , é enfeitado por cinco pequenas almofadas quadradas sendo que duas delas repousam minha cabeça, outras duas os meus pés e a última fica como reserva, tipo assim, tem hora que está sobre minha barriga e em outras aquece meus tornozelos.

     Essas almofadas juntamente com meu inseparável amigo PC , minha querida cadeira especial que fica do lado esquerdo na varanda mágica, além da própria varanda claro, me conhecem íntimamente e tenho certeza que são dos poucos capazes de entender e adivinhar as minhas reações.

      São também dos raros que conhecem meus segredos e nos últimos anos são as únicas testemunhas das minhas poucas mas sempre sinceras lágrimas .

      Para falar a verdade entre o PC, a cadeira e a varanda, as almofadas são as únicas que posso abraçar e até para que não aconteça nenhuma crise de ciúmes, coisa muito comum no universo feminino, procuro sempre revezar nos abraços e presto muito a atenção para não esquecer de nenhuma delas .

      Gosto de todas , converso com todas , divido com elas tanto das minhas saudades e tristezas , nos tornamos tão íntimos que até tenho pensado em batizá-las com um nome simpático , não porque esteja com a consciência pesada ou coisa assim mas é que, gosto de chamar meus amigos pelo próprio nome, sejam simpáticos , difíceis ou não . Afinal de contas almofadas, que eu saiba , nunca tiveram nomes .

      Nunca li ou ouvi dizer que poetas ou escritores   falaram   de suas almofadas preferidas. Para minhas queridas amigas as dóceis, pacientes e confiáveis almofadas, já confessei minha paixão, descrevi minha musa e até declamei versos românticos que nunca tive coragem de mostrar a ninguém.

      Já contei das minhas decepções, das frustrações e foram elas, as minhas queridas almofadas, as cinco de uma só vez, que testemunharam as incontáveis vezes que levantei do sofá ereto, pisando firme e decidido a seguir em frente após passageiras crises de desânimo e desapontamento.

       Com elas aliás, com uma de cada vez, já cobri minha cabeça para cochilar tranquilamente e com uma delas, não me lembro qual, andei espantando algumas moscas super chatas que tentavam atrapalhar meu cochilo.

      Essas mesmas almofadas são testemunhas da minha satisfação quando acompanho pela TV as vitórias do meu time e me vêem decepcionado quando engulo as derrotas .

      Cada uma delas está precisando de uma nova capa e a questão é que, voltando ao universo feminino , teria um trabalho danado para acertar com a cor e mesmo que pudesse ouvir a opinião de cada uma duvido muito que conseguisse satisfazê-las plenamente .

     Começo a concluir que é melhor capea-las com uma cor neutra e da minha preferencia, que poderia ser azul ou azul . Se elas reclamarem , paciência, as capas continuariam sendo azuis até a próxima troca.

     Mas fui falando, falando e não cheguei ao ponto principal. Preciso pensar com toda serenidade na escolha de um nome para cada uma das minhas almofadas . Não poderiam ser nomes de frutas pois, tem muitas por aí que estão posando pra Play Boy e isso não me interessa no momento .

     Poderia também homenagear cada uma das minhas queridas amigas poetisas mas, corro o risco de esquecer de algumas e mesmo as escolhidas poderiam não gostar de serem lembradas por conta de uma almofada.

     Tudo bem que as almofadas são confortáveis mas, vou acabar batizando cada uma delas com um número e mesmo assim em algarismos romanos . É bem melhor .....

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(.....imagem google.....)