Donos da Ilusão
Vi a mania de querer ser rico em personagens que perambulam pela nossa cidade, balbuciando ser dono disso ou daquilo, o que os caracterizaria como afortunados, denominando-os, talvez, na difícil categoria social de riqueza. Alguns parecem loucos, taxados de “doidos”, falam sozinhos, dizendo serem ricos, sem terem. Não, nenhuma grave loucura, esses se enquadram na paranoia de que ter é ser... E, não conseguindo ter, acometem-se dessa psicopatia, quase já coletiva, de divulgar que têm para serem, satisfeitos com o mundo irreal. Também se definem pela “consciência de classe” de Wilhelm Reich, segundo a qual há a classe social, onde esses inconscientes do seu status utilizam desta inconsciência para usufruírem dos privilégios e prestígios da classe de superior poder aquisitivo.
O sucesso financeiro deveria ser, não a principal, mas uma das razoáveis e justas consequências de quem trabalha honestamente e não objetivo único e obsessivo do próprio trabalho. Se alguém pergunta para que o médico trabalha, a primeira resposta adequada seria para curar e aperfeiçoar este serviço à comunidade; o industrial, para fabricar; o comerciante, para vender; o engenheiro, para construir; o professor, para ensinar, e todos sempre com função social. Este seria o sentido principal das suas profissões e não a invirtuosa ambição de “ganhar dinheiro para ser rico”, de amealhar moedas no baú da avareza, fazendo dessa mania seu infeliz sentido de vida.
Essa ganância, perceptível nas festas sociais, nos drinques dos bares, nas mesas dos restaurantes, só fala de cifras, cifrões, lucros e enriquecimentos. E assim, a loucura de David, que perambulava pelo Ponto de Cem Réis, engravatado, de paletó branco, dizendo-se “dono dos bancos da Rua Duque de Caxias”, transforma-se em loucura coletiva, na patológica mania de ser rico. Entristece-me escutar de conceituados conhecidos tal constante linguagem. Nunca mais ouvi identificarem pessoas pelo nome, pela família. Assim nos apresentam desconhecidos: “Esta amiga é filha do dono da fábrica de rede, e essa outra, do da de vassoura”; “aquele ali é o dono da Empresa Mafada; o outro, o vizinho, da Berinjeta”. Isso tomou conta da juventude, das crianças, das escolas e até de algumas igrejas. Na pia batismal dessa fixação doentia, ser “dono” virou nome próprio. Nessa mania, para se chamar “novo rico”, tudo se faz, incluindo-se a prática, crescente com cara de normalidade, da desonestidade. A partir daí, os que são e não têm ou não são “donos” sobrevivem sem nome e referência social. Dias virão em que perambularão pela nossa cidade senhores risonhos e risíveis, fantasiados de grifes, dizendo-se “donos” dessa ilusão.
Vi a mania de querer ser rico em personagens que perambulam pela nossa cidade, balbuciando ser dono disso ou daquilo, o que os caracterizaria como afortunados, denominando-os, talvez, na difícil categoria social de riqueza. Alguns parecem loucos, taxados de “doidos”, falam sozinhos, dizendo serem ricos, sem terem. Não, nenhuma grave loucura, esses se enquadram na paranoia de que ter é ser... E, não conseguindo ter, acometem-se dessa psicopatia, quase já coletiva, de divulgar que têm para serem, satisfeitos com o mundo irreal. Também se definem pela “consciência de classe” de Wilhelm Reich, segundo a qual há a classe social, onde esses inconscientes do seu status utilizam desta inconsciência para usufruírem dos privilégios e prestígios da classe de superior poder aquisitivo.
O sucesso financeiro deveria ser, não a principal, mas uma das razoáveis e justas consequências de quem trabalha honestamente e não objetivo único e obsessivo do próprio trabalho. Se alguém pergunta para que o médico trabalha, a primeira resposta adequada seria para curar e aperfeiçoar este serviço à comunidade; o industrial, para fabricar; o comerciante, para vender; o engenheiro, para construir; o professor, para ensinar, e todos sempre com função social. Este seria o sentido principal das suas profissões e não a invirtuosa ambição de “ganhar dinheiro para ser rico”, de amealhar moedas no baú da avareza, fazendo dessa mania seu infeliz sentido de vida.
Essa ganância, perceptível nas festas sociais, nos drinques dos bares, nas mesas dos restaurantes, só fala de cifras, cifrões, lucros e enriquecimentos. E assim, a loucura de David, que perambulava pelo Ponto de Cem Réis, engravatado, de paletó branco, dizendo-se “dono dos bancos da Rua Duque de Caxias”, transforma-se em loucura coletiva, na patológica mania de ser rico. Entristece-me escutar de conceituados conhecidos tal constante linguagem. Nunca mais ouvi identificarem pessoas pelo nome, pela família. Assim nos apresentam desconhecidos: “Esta amiga é filha do dono da fábrica de rede, e essa outra, do da de vassoura”; “aquele ali é o dono da Empresa Mafada; o outro, o vizinho, da Berinjeta”. Isso tomou conta da juventude, das crianças, das escolas e até de algumas igrejas. Na pia batismal dessa fixação doentia, ser “dono” virou nome próprio. Nessa mania, para se chamar “novo rico”, tudo se faz, incluindo-se a prática, crescente com cara de normalidade, da desonestidade. A partir daí, os que são e não têm ou não são “donos” sobrevivem sem nome e referência social. Dias virão em que perambularão pela nossa cidade senhores risonhos e risíveis, fantasiados de grifes, dizendo-se “donos” dessa ilusão.