Que um Anjo nos proteja
AQUIDAUANA-MS, 18 DE MARÇO DE 2011
Destinatário: Anjinho Protetor
Endereço: Rua dos Sonhos – nº 22, Andar do Céu.
Caro Anjinho Protetor,
Lembra-se de mim? Sou aquela aroeira lá do pé da serra.
Estou lhe escrevendo para dizer a minha situação e lhe pedir ajuda. Aqui onde estamos por enquanto não fomos atingidos, mas não falta muito para nos atingir. Estamos todos muito preocupados, as minhas vizinhas, a Senhora Seringueira e a Bocaiúva, estão muito tristes, pois viram os seus pequenos filhos serem derrubados. Estou também muito triste!
Essas cenas de crueldade com as árvores inocentes, essas invasões de privacidade da parte desses homens cruéis estão nos acabando. Homens sem coração, sem sentimentos, amargurados que nos derrubam, muitas vezes, por nada, por bobeiras de homens tolos que não têm o que fazer e vêm nos aterrorizar nos cortando, sem dó e nem piedade.
Estamos todos magoados, tristes por termos perdido os nossos melhores amigos daqui do pé da serra e em várias outras regiões. Aos poucos que restam, falta pouco para serem derrubados. Eu estou muito preocupada e desesperada, pois não vamos durar muito sem a sua ajuda.
Nós aqui não podemos fazer nada a não ser pedir socorro, pois não podemos nos mover para fugir desses monstros que nos matam. E eu me pergunto o porquê, para quê eles cortam? Não fazemos nada para eles, ficamos aqui, quietas e paradas, indefesas. Esses homens desmatadores deveriam sentir o que sentimos, deveriam ficar em pé, imóveis e uma árvore lhes cortar os pés. Pois, assim, sentiriam o medo que sentimos, o sofrimento que passamos em ver nossos amigos animais, as outras árvores e vegetações sendo derrubadas e prejudicadas por nada. Nada se comparando à liberdade de viver. Será que eles não imaginam que sem nós eles estão se prejudicando? Sem nós eles irão respirar poluições de ares contaminados e ficarão doentes com facilidade e até morrerão antes do que pensam.
Derrubando a nós, as árvores, eles estarão se matando aos poucos também, pois se não respeitarem a vida da floresta, estarão condenados como ela. Por isso lhe peço que nos ajude em nome de todos os meus amigos e amigas aqui da serra que correm perigo, assim como eu. Peço-lhe que nos ajude a escapar dessa morte tão bruta e tão horrível. É uma bela diversão para aqueles monstros que nos derrubam e ainda são chamados como homens!
Para nós, isso não é ser homem. Isso e uma covardia, não podemos nos defender.
Nos ajude, por favor, por mais que eles nos façam mal, não queremos mal a eles, só queremos o direito de viver em paz e felizes em nossa serra, sem derrubadas e desmatamentos. Sem guerras, promovendo a paz e a alegria entre vegetação e os seres humanos. Assim, seremos mais felizes. Nós, em nossa serra, e eles, em suas cidades, respirando o belo e limpo ar, tão precioso para a sobrevivência.
Saudações
Aroeira
Serra de Maracaju – Rua Alameda das Belas Árvores – nº 12
Cerrado – MS
Autora: Luciane Lurdes Escobar de Moura
Escola Municipal Franklin Cassiano – Aquidauana-MS
9º Ano – Ensino Fundamental
Idade: 15 anos
Professor/orientador: Lurdes Batista Monteiro