Poder escolher é um luxo!
Seres humanos em extrema necessidade ou com o psiquismo avariado fazem coisas que nos deixam perplexos.
Numa Praça central de São Vicente, ao lado do tradicional Correio, vive uma senhora com, no máximo, 60 anos. Ela mora em um banco de praça.
Há cerca de dois meses ao passar por ela, observei que estava com as duas pernas enfaixadas; as faixas pareciam recentes, pois estavam limpas.
O banco de cimento tem, no máximo, um metro e cinquenta de comprimento, o que a impede que ela possa dormir com as pernas esticadas... É ali que ela passa os dias e as noites, tendo como móvel um carrinho de feira e, como teto um guarda-chuva preto e outro de praia.
Ontem, ao passar pela Praça, a procurei com o olhar. Pela proximidade que se encontra da Prefeitura, até imaginei que a tivessem transferido para um abrigo municipal, mas lá estava ela com as duas pernas sobre o banco, meio sentada, a observar guardas de trânsito multando veículos.
Segui o meu caminho pensando no frio que tem feito, e no que faz com que uma senhora deixe a sua casa para ficar assim tão exposta?
Penso que, muitas vezes, a escolha seja pela paz, por não ver certas cenas familiares. Ou seria a cabeça que já não consegue pensar direito num mundo que nem todos têm amigos, parentes, recursos, palavras de afeto, incentivo...
Esta é uma das razões que fazem pensar que quem pode fazer escolhas e vive reclamando faz muito mal.
Ninguém tem tudo, mas temos sobejas razões para agradecer, ser útil e contagiar nossos semelhantes com alegria, paz e esperanças.