Migalhas
Carpinejar disse certa vez: "Saudade demais já se torna ódio."
Quando um dos lados começa a se sentir abandonado, o amor cede espaço ao ódio, à solidão e à magoa. E dói.
E o que mais dói não é ainda a dor da perda em si, mas a dor de não ter notícias, não ter um carinho e sentir longe o que se queria perto e dentro.
Nunca receber uma demonstração de afeto, um ato de gentileza, o telefone permanecer horas a fio sem uma única ligação. Machuca.
Depois de tanto descaso a pessoa sente-se muito grata quando recebe um carinho, um abraço ou uma lembrança qualquer.
Quando apenas um se esforça para investir no relacionamento e o outro não dá importância, resta apenas contentar-se com as migalhas que recebe. E achar que esse pouco pode lhe satisfazer...
Mera ilusão.
O ser humano é carente por natureza. Ele sente necessidade de atenção. Ele precisa ser lembrado que é amado, o tempo inteiro.
O que acontece quando não nos sentimos seguros? No início podemos tentar seguir em frente, tentar aceitar... Mas, aos poucos, o sentimento vai desgastando, diminuindo, evaporando. E acaba esquecido dentro de uma gaveta, junto com as cartas de amor que nunca vieram.
Creio que eu possa estar filosofando demais... Mas o inverno faz isso comigo.
Ele maximiza a dor e a loucura.