Por um Rio Grande melhor em 2020
Para crescer profissionalmente, você toparia estudar de madrugada? Pois tem gente que encara o desafio e estuda. É o que relatou a reportagem da Revista Veja Online do dia 10 deste mês. Com a manchete “Brasileiro faz curso até de madrugada para subir na vida”, a equipe de reportagem ilustrou a solução que muitas pessoas vêm encontrando no intuito de melhorar de emprego e salário. A eleição ao governo do estado já está definida e à presidência encaminha-se para o final. Governador e presidente eleitos terão uma difícil missão a cumprir dentro da área educacional: resgatar a dignidade de professores e alunos.
O Centro Universitário UniÍtalo, de São Paulo, adotou um quarto turno de aulas: das 23 horas à 1:45h. Dessa forma, atingiu um nicho de trabalhadores que não teria outro horário para estudar. São menos horas de sono, descanso e lazer. Mas o planejamento a médio prazo carrega a esperança de melhor emprego, remuneração e condições mais dignas de vida.
Procurando soluções menos drásticas que a encontrada pelo UniÍtalo e que possam servir de propostas palpáveis aos futuros governantes, no ano de 2006 foi criada a Agenda 2020 no Rio Grande do Sul (http://www.agenda2020.org.br). É uma parceria entre governo, ONGs, universidades, demais instituições e empresários. São debatidos os problemas de áreas básicas como educação e saúde, além de outras nove (desenvolvimento de mercado, desenvolvimento regional, inovação e tecnologia, gestão pública, cidadania e responsabilidade social, infraestrutura, ambiente institucional, meio ambiente e disponibilização de recursos financeiros). Assim, objetiva-se tornar o nosso estado um lugar melhor para viver e trabalhar até o ano de 2020.
Foram elencadas algumas propostas para sanar as deficiências no ensino gaúcho: ampliação de escolas em tempo integral, investimento na qualificação dos professores, implementação de um modelo de educação de qualidade e ampliação do ensino profissionalizante. Mas alguns entraves são vislumbrados: a inflexibilidade orçamentária do governo, a desatualização do plano de carreira do magistério e o crônico problema de negociação entre governo, magistério e sociedade.
Para termos uma noção de como andam os nossos alunos, vejamos a seguinte situação: a taxa de aprovação no ensino fundamental na rede pública estadual em 2008 no estado atinge o patamar de 80,8%, enquanto no Brasil o índice é de 82,3%. Já nas escolas particulares, esse número sobe para 96,3% no Rio Grande do Sul e 96,4% em nível nacional.
Ainda, conforme estudos realizados pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pela UFF (Universidade Federal Fluminense), cada ano a mais de escolaridade da força de trabalho faz aumentar em até 20% a renda per capita. Comparando com nossos vizinhos, a escolaridade dos brasileiros, média de 4,7 anos de estudo no Brasil e 6,4 anos no Rio Grande do Sul, está muito aquém da Argentina (8,5 anos), Chile (11 anos), Peru e Uruguai (7,3 anos).
Lógico que apenas índices de aprovação e escolaridade não servem, unicamente, como radiografia da educação. Há que se investigar com que qualidade esses alunos avançam de série. E a resposta não cabe em meia dúzia de parágrafos. Esses indicadores de aprovação alarmam-nos quanto à disparidade existente entre escolas públicas e privadas e a escolaridade faz-nos questionar o porquê de países mais pobres que o nosso terem mais sucesso no acesso à Educação Básica. Proativamente, a Agenda 2020 concretiza-se como uma importante ferramenta para os governos que assumirão o comando da nação em 2011 definirem os rumos de seus esforços na área e para a sociedade apoiar-se e reivindicar as soluções que são propostas.