AS FESTAS DE NATAL E OS POBRES
Como o tempo voa! Já estamos no mês do Natal. As grandes lojas já estão esfregando as mãos de contentes. As previsões são de que vão fazer enormes benefícios.
Os ricos vão poder comprar, comprar e comprar, porém, os pobres terão de menos em menos recursos para poderem usufruir junto com suas famílias umas festas decentes.
Os governantes deste país anunciam apenas R$ 17,00 de aumento de Salário Mínimo enquanto que os deputados querem um aumento de 30%. Imaginem, R$ 17,00 nem dá para um botijão de gás! Na campanha eleitoral de 2002 o atual Presidente prometeu duplicar o salário mínimo de R$ 200, 00, mas ainda não cumpriu tal promessa.
O pão está mais caro, as frutas e legumes também. Os itens mais consumidos nesta época igualmente. O bacalhau e a castanha portuguesa estão fora de preço.
Nós comemoramos o Natal à nossa maneira publicando nesta crônica o poema NATAL DOS POBRES com autoria do nosso amigo português Joaquim Sustelo e outro intitulado O NATAL DO POBRE da nossa autoria.
Sendo a maioria do povo brasileiro de condição modesta estes dois poemas são a maneira de nós homenagearmos este povo tão sofrido. Acima falamos que as grandes lojas vão fazer grandes benefícios, mas já pensaram nos pequenos comerciantes com lojas nas comunidades carentes? Como vai também ser o Natal deles?
A conjuntura econômica atual dominada pelos bancos e pelos grandes grupos empresariais, não estão dando grandes oportunidades aos de condição humilde, sejam comerciantes ou o povo em geral. Antes pelo contrário os altos juros que cobram ainda esmagam mais a vida dos pobres. Por isso cobremos dos eleitos da nação as suas promessas de campanha eleitoral. Cartas, telefone e e-mails podem servir para isso. Inundemos seus gabinetes com os nossos protestos.
Victor Alexandre
POEMAS:
NATAL DOS POBRES
— Que queres neste Natal tu de presente?
Eu vi mas estava tudo muito caro...
— Ó mãe, eu quero ter para mim somente
Todo esse teu amor, um amor raro.
— Meu filho, coisa pouca só que fosse
Seria para ti recordação...
Vi uma que era linda, não te trouxe
Pois pouco me sobrou, paguei o pão...
— Mãe, deixa lá estar não te apoquentes.
Teu cérebro descansa, sê feliz!
Nós estamos esta noite aqui presentes.
E tanta coisa linda aqui se diz!
— Mas eu posso tentar uma coisinha
Que o homem até fia por uns dias...
— Não tragas nada, deixa lá mãezinha,
Teremos aqui nossas alegrias
— Eu vou buscar a lenha ali ao mato
Vamos aqui fazer uma fogueira
Trazemos cada um o nosso prato
Comemos sopa assim desta maneira
— A sopa está tão boa, tens razão
Vai lá então... mas olha, não demores!
Que a mãe vai já cortando aqui o pão
Depois contará histórias, mas não chores.
Assim foi... Mãe e filho em harmonia
À beira da fogueira ali no quente
Ficaram na ternura até ser dia
Num Natal tão bonito e tão diferente.
Autor: Joaquim Sustelo. Extraído da obra:
NO SILÊNCIO DO TEMPO.
O NATAL DO POBRE
Lauta mesa, iguarias deliciosas,
Linda árvore de natal iluminada.
Em apartamento ou em bela mansão
Gente rica ou bem pessoas famosas
Celebram Natal com ceia requintada.
Exibindo sua opulência e posição.
Logo ali ao lado, em parca habitação,
Vive família pobre, pai desempregado.
É Natal. A mesa está desguarnecida.
A mãe cozinhou na panela de feijão
Um pouco de carne tinha ganhado
Duma sua vizinha compadecida.
Gente rica, dirigentes desta nação,
Que estão festejando na opulência
Lembrem-se do pobre no dia de Natal.
Do rendimento façam melhor distribuição.
Eliminem deste país a carência.
Olhem que o ser humano é todo igual.
Enquanto nobreza esbanja riqueza
Pobreza nada tendo, tem de se virar,
Às vezes nem tem um teto que a cobre.
Vivendo nas ruas, nem sequer tem mesa.
Nem alimentos para poder cozinhar.
Este, meus Senhores, é o Natal do Pobre.
Victor Alexandre
Publicado no Recanto das Letras em 09/11/2006
Código do texto: T286527