Parceirando com Arnold

A notícia correu o mundo. Escândalo. Comentários jocosos por corredores e murais de Facebook. Piadas ilustrando um guloso “hasta la vista, baby” enquanto a governanta abaixava para passar uma camisa.

Justo ele. Governador do Estado mais rico do país mais rico do planeta. Protagonista de blockbusters. De falas memoráveis. E de um filho fora do casamento.

Isso mesmo, amigo meu. O homem do sobrenome com mais consoantes do mundo revelou ter um caso com a sua empregada. E como fruto desse doméstico amor, um filho. Pimpolho este que Arnold criou em segredo, sob o mesmo teto que criou os rebentos legítimos.

A facilidade com que homens poderosos e expostos à mídia se rendem aos mais profundos desejos de sexo e devassidão foi tema de colunas e mesas de bar. De Silvio Berlusconi a Tiger Woods, com uma parada pelo meio-campo Ryan Giggs, que recentemente revelou ter um caso com a mulher do seu próprio irmão. Coisa leve.

Mas Arnold foi além. Mais do que ser simplesmente mais um no balaio de escândalos sexuais, o homem que já foi Conan, o Bárbaro, conseguiu pela segunda vez atiçar a curiosidade do mundo.

Passado o bafafá cercando o nível de baranguice de sua escolhida, a dúvida que pairava sobre redações de sites e revistas de fofoca era sobre seu retorno ao status de solteiro. Seria ele um recluso? Um triste austro-americano, arrependido do que fez? Ou Arnold tomaria toda sua liberdade em baldes e baldes de Big Mojitos por baladas sertanejas premium?

E com um único post no Twitter, veio a resposta. Os 2 milhões de seguidores do seu perfil oficial leram e replicaram a seguinte mensagem:

“The Terminator is back! Hey @luizaugusto my man, come with me if you wanna party.”

Nada de noitadas com Charlie Sheen, festas na mansão de Hugh Hefner, malhos duplos no banco traseiro de uma limusine, entre goles de Gin & Juice e gargalhadas com Snoop Dogg.

Arnie convidava seu parça Luizinho para cair na night.

A comoção foi imediata. Tablóides ao redor do globo pairavam sobre um fato: “Who the hell is Luiz Augusto?”. Em questão de minutos após o fatídico tweet, começou uma verdadeira corrida pelo ouro atrás de informações sobre o misterioso amigo e companheiro de baladas do Governator.

Em tempos de vida na vitrine do template azul, não tardou muito para traçarem um perfil completo do novo brasileiro em Hollywood. O dono do perfil era o jovem Luiz Augusto Menezes, um promissor analista de sistemas de São Paulo, que gostava de novela e de jogar futebol de botão com seu avô.

E por causa de um post, o desavisado Luiz viu sua vida mudar de ponta cabeça. Na home do UOL, uma mensagem resumia a magnitude que a frase tomara.

“Arnold Schwarzenegger: de volta à pista com um amigo brasileiro.”

No dia que o mundo o procurava, Luiz tinha ficado o dia todo fora, implementando um software de fluxo de caixa em um supermercado no Cambuci. Não viu seu e-mail, não abriu seu perfil no Twitter. E por um capricho do destino, seu Motorola recheado de ringtones estava descarregado.

Não só o celular, como ele. Luiz estava cansado, como todo trabalhador que tem um dia difícil.

Acabado o serviço, foi direto para casa, sem tempo e saco de passar no escritório. Depois de 2 horas de um trânsito bom para os padrões paulistanos, chegou ao seu destino.

Enquanto o mundo virtual era varrido atrás de qualquer sinal de vida da celebridade instantânea, Luiz esquentou o jantar no microondas, jogou duas partidas de videogame com o irmão caçula e foi para o quarto, entre convites sedutores do edredom.

Só abriu os olhos nas exatas 2h30 da manhã, desembaçando sua sonolenta vista para uma estranha silhueta desenhada entre sombras no canto do seu quarto.

Vestindo uma jaqueta de couro, botas e uma calça jeans escura, lá estava ele. Imóvel como um organismo cibernético enviado do futuro para fazer caretas virando shots de tequila na balada.

Luiz Augusto não teve tempo de nada. Antes de abrir a boca para externar seu espanto, Arnold foi enfático e disse uma só vez, com o sotaque austríaco que o catapultou para fama:

- Put on some pants. Let´s go.