O poeta assassino
Senhor delegado, quero confessar-te um crime!
Matei a mulher que até outrora amava, mas antes que me prenda quero contar-te as causas que me levaram a cometer tal homicídio...
Tudo começou quando a vi pela primeira vez: O dia era ensolarado, os verdes campos faziam contraste com a cor das alvas ovelhas e a nuvens faziam moldura no azul céu! Foi amor à primeira vista senhor delegado, mas a princípio somente platônico... Você deve saber como são os poetas... Amava à distância, escrevia uns versos e a mandava anonimamente por correspondências.
E assim foram seguindo os dias, até que os meus indiscretos olhares foram percebidos por ela... Ela que não era tão boba associou meus olhares de desejo e a minha timidez às cartas que recebia. Eu ainda me mantive distante, mas ela logo se aproximou.
Então começou o nosso romance, ela não gostava muito de rimar, de fazer métricas e nem de nada relacionado à poesia. Apenas gostava de ler meus escritos dedicados a ela, eu bem que exigia que ela escrevesse, mas nada adiantava senhor delegado, nada adiantava...
Eis que um dia ela chegou com um envelope perfumado com desenhos gravados, não consigo descrever-te as sensações que tive quando vi aquilo senhor delegado! Entretanto, quando li o que estava escrito... Todo o amor se desfez... Senhor delegado, ela era linda e maravilhosa, mas rimava amor com calor... Escrevia “felisidade”... Ah, senhor delegado, quebrou-se o encanto... Concluí que nunca mais amaria outra mulher daquela forma e meu destino então era morrer ou vagar solitariamente até o fim dos meus dias!
Não tive coragem de terminar o romance, mas sumi por uns dias... Ela ligava, mandava e-mails e ia até a minha residência... Eu não atendia, mas aquela sensação de fuga fazia-me perder o juízo a cada “escapada” que eu dava...
Porém um dia senhor delegado, resolvi encontrá-la e dizer os meus motivos... Pensei que ela iria esbravejar comigo, mas pelo contrário: Ela resolveu estudar gramática e poética! Tudo por amor!
Depois de algum tempo estudando, ela me veio com um lindo poema! Mal podia acreditar no que os meus olhos viam senhor delegado! Mas eu a matei! Sim, eu a matei!
Matei a mulher que eu amava! Matei a minha mulher de rimas pobres, pois diante dos meus olhos aquela poetisa não era a mulher por quem eu me apaixonei! Eu pedi mudanças, mas matei aquela que era a dona da minha vida!!
Senhor delegado, matei a minha “felisidade”!!