Vampira, existe!?
No seu rosto carregado pela maquiagem as imperfeições foram apagadas. Contam que na sua mocidade a beleza foi o seu maior triunfo para conquistar os homens. Não foram poucos, e, um por um, ela foi tirando; o que podia em bens materiais dos enamorados.
Não tinha compaixão por homem algum. Homem solteiro que caia nas suas garras, ela demorava um pouco mais para mostrar o seu lado fatal e vampiresco. Enrolava o incauto apaixonado em sua teia até dar o golpe fatal. Roberto ao descobrir-se arruinado e sem a mulher da sua vida se atira do alto de um edifício. Ela fica sabendo da notícia por sua mãe, não move um músculo. Não tem remorso!
Conquistas e mais conquistas, o tempo passa, a sua conta bancária aumenta, bens imobiliários, jóias são agregados ao seu nome. Sua atenção sempre está em descobrir algum bocó para ser explorado e retaliado nos seus bens. Homem pobre na sua cama não tem vez!
Agora, próxima dos 60 anos se vale das plásticas para remoçar. Seu amante atual é um empresário do ramo sucroalcoleiro. O homem desfez um casamento de 30 anos para ficar com ela. Roda pela cidade numa Blazer Executive; presente do amante.
Ela viola todas as normas, regras, leis sem pudor algum. Mas, um dia da caça outro do caçador!
Na avenida mais movimentada da cidade um abalroamento sem vítimas. A mulher desce do carro furiosa para as cobranças de praxe. Frente a frente, com o outro motorista, ela sofre uma pane cerebral. A raiva incontida se transforma em uma doçura inexplicável! Inexplicável?
Como uma cadela ela sente o faro do seu macho. Ela nunca sentiu nada igual. Ele está ali bem a sua frente. Um homem na plenitude da força física e sexual. O tal do homem com H!
Ele, a conquista com o olhar. A dominadora pela primeira vez é dominada, e nem percebe.
Meses se passam. Todos os seus bens tão maquiavelicamente conseguidos se dissipam na cama, com o seu amante. Ele a rapina. No momento em que ela fica sem nada, ela toma um pé na bunda de fazer virar no avesso. A vampira, enfim, recebe o troco nesta vida, mesmo!
Não ficou sem recursos, Roberto, o seu amante suicida, lhe deixou um seguro de vida incluso no testamento, e, uma cláusula, em que ela somente poderia usar o recurso em extrema necessidade financeira.
No dia em que Alice volta a morar com a sua mãe algo mudou e uma completa reviravolta acontece na sua personalidade ao ouvir em uma dessas FM’s “A casa é sua” com Arnaldo Antunes.
Alice com a alma em prantos recorda de como Roberto a amou de fato, e chora ao ouvir:
“A casa é sua
Por que não chega agora?
Até o teto tá de ponta-cabeça
Porque você demora
A casa é sua
Por que não chega logo?
Nem o prego aguenta mais
O peso desse relógio”