Dor e sofrimento

Dor e sofrimento, como outros sentimentos que nos preenchem, pertencem exclusivamente a nós mesmos. É inevitável que consideremos isso. Dizer também que eles são gerados exclusivamente em nosso interior é fato. Mas pensando que eles são únicos de nosso ser é incongruente.

Como aceitar que ao sofrermos olhando uma cena de crianças africanas, isso se passa somente por nossa causa? E se ao olharmos uma cena de morte e sentirmos certa dor? Como explicar que isso é basicamente nosso?

Acho um tanto difícil a aceitação dessa teoria. Que mais poderia fazer alguém a fazer algo pelos outros e por si mesmo se não mais as influencia externas? Motivações surgem para nos fazer agir, nos incomodar e nos fazer mudar.

Criando a sua própria dor o possuidor de tal vai procurar resolvê-la e ao consegui-la externamente essa se resolvera internamente. Mas atualmente poucos são aqueles que se preocupam com o exterior e procuram apenas a solução interna o que se promove muitas vezes através da auto-ajuda em livros e outros meios similares que se proliferam ao redor do mundo, sendo hoje o “estilo” que mais se consome, tendo até listas próprias em jornais e revistas.

Pessoas se esquecem das origens e tentam se curar internamente. Isso causa um distanciamento quanto ao problema original. A dor e o sofrimento são necessários ao nosso ser para a evolução e para a rendição. Mas se não nos atermos a resolver os problemas em suas origens é como colocar grades em nossas portas e deixar os bandidos se proliferarem.

A aceitação da dor e do sofrimento é o primeiro passo para resolvê-lo. O cultivo dele pode ser prejudicial, mas é necessário para a continuidade da tentativa de extermina-lo. Curar internamente e depois externamente seria a solução mais adequada.

Mas e quando o que nos faz sofrer não tem uma solução externa? Como iria eu resolver o problema de crianças da África? Como poderia reverter o tempo e evitar um acidente?

Nestes casos é claro que o sentimento por nós cultivado é exclusivo. Por nós ele deve ser resolvido. Mas a maioria das vezes o que nos incomoda são coisas tão pífias e mundanas que o melhor mesmo é tentar resolvê-los fora do que internamente.

Temos que estar preparados para aceitar os sofrimentos, com eles resolver os nossos problemas interiores e procurar uma solução para o que nos alfinge externamente. Preparados para encarar a dor e supera-la. E como em qualquer outra coisa , apenas conseguimos o aperfeiçoamento com a prática, temos que sofrer e sentir a dor para saber como superá-las.

leandroDiniz
Enviado por leandroDiniz em 02/07/2005
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