O BOLO

Excesso de respeito atrapalha.

De vez em quando é preciso ser ousado, impor seu jeito de ser, ao invés de respeitar demais o jeito do outro e aceitá-lo como melhor. Com excesso de respeito, esperando o momento oportuno para tentar explicitar o seu ponto de vista, com calma, com mansidão, poderemos ser engolidos por tantos outros mais cheios de si, que nem sempre tem posições que merecem o destaque recebido ou imposto.

Portanto, não esperemos demais, sejamos imperativos de quando em quando para que o outro saiba de nossa segurança, de nossas certezas, de nossa força. O respeito em excesso poderá ser confundido com insegurança, com fraqueza. É hora de sermos mais fortes, de encontrarmos o nosso espaço e demarcá-lo com nossas convicções e o resto, o resto que se dane. Nós temos que nos amar, nos respeitar e nos defender dos ataques opressivos que vem de todos os lados. Posicionamento, clareza e firmeza. Somos merecedores de respeito, de admiração, de cordialidade, de um espaço no mundo, de uma fatia do bolo. E, sabe, que há espaço e há bolo para todos. Pelo menos é o que ouço sempre!

Entretanto, cada um deve saber qual o sabor predileto de seu bolo. Não adianta querer o bolo do outro, pois apenas o que você escolheu lhe fará feliz. O bolo do outro é do outro, e, tao somente, matará a fome dele. O bolo tal qual o imaginei, com o sabor que me leva às nuvens, esse somente a mim sustenta e é por isso que cada pessoa deve imaginar seu pedaço, e batalhar por uma boa fatia dele; nem precisa ser inteiro para que se sinta imensamente feliz.

O meu bolo tem cheiro e sabor de frutas do cerrado, morangos e um pouquinho de chocolate, uma cauda suave de coco e chantilly, um pouco de banana caramelada salpicada com canela em pó, espuma de leite com café, tudo da hora, bem fresquinho, ah, ainda terá um aroma de terra molhada, outro de flores do campo, cheiro suave de mexerica e um barulhinho de correnteza de rio, juntamente com o canto do Bem-te-vi, um pouco de sorvete de creme, o sabor indescritível do amor verdadeiro e um bombom de cupuaçu para finalizar.

Desse bolo eu comeria um pedacinho todo dia. Ao degustá-lo eu me tornaria vento, subiria ao céu, voaria entre as montanhas, balançaria os galhos das árvores e as flores dos canteiros, acariciaria o rosto das pessoas e revolveria suavemente seus cabelos, voaria com os pássaros, bailaria com as borboletas, me sentiria parte do universo, infinita e livre, e, ao finalizar a degustação diária eu saberia que ser feliz é possível e feliz eu estaria e feliz eu continuaria, porque assim é a vida, temos bastante, quando temos imaginação, e temos muito, muito mais quando temos determinação.

DoraSilva
Enviado por DoraSilva em 18/06/2011
Reeditado em 17/03/2012
Código do texto: T3043342
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