VIVER LONGE

Lá estava eu, já era noite, por volta das sete, o ônibus que tinha saído lotado só contava com poucos passageiros. As luzes tinham se apagado e da janela via a vegetação passar depressa.

Era uma estrada que nunca passara antes, não sabia as paradas e tinha uma noção vaga se estava perto ou longe de chegar.

O ônibus entrou em São Luiz do Quitunde, Matriz e Porto Calvo, numa tranquilidade e desertidão de cidade do interior na hora da missa das sete da noite. Cada entrada nas cidades meus olhos dançavam, era tudo novo.

Estava eu do lado da janela e uma mala marrom com rodinhas do lado. Tinha deixado às 16:20, quando saí de Maceió, minha mãe, irmã e namorado. Deu um nó na garganta quando vi o ônibus surgir com as cores vermelho e azul, por mais que soubesse que ele já estava por passar, vê-lo chegar era me ver partir, e isso era triste.

Cento e trinta e quilômetros me levariam por uma estrada desconhecida, de casa nova, responsabilidades novas, emprego novo, tudo novo. De fato, era um caminho a descobrir.

A cada cidade aproveitei o sinal do celular e liguei pra quem deixei no ponto, inclusive para compartilhar as condições do ônibus, as quais fizeram a viagem ficar mais longa.

O ônibus parou na pracinha, o cobrador me ajudou com a mala e eu desci sem conhecer ninguém. Pensei primeiro em ligar e dizer que foi tudo bem, depois, que será essa a minha mais nova realidade daqui pra frente.

Mais uma vez viver longe, 210 km de minha mãe e irmã e 130 km do meu futuro marido.

Mas nossos pensamentos se encontrarão várias vezes ao dia, tenho certeza. Minhas intenções são as mesmas de quando saí no domingo às 16:20. Eu vivo perto, pertinho de cada um dos três, mesmo vivendo longe.

jun/11

Madalena Sofia Galvão Viana
Enviado por Madalena Sofia Galvão Viana em 18/06/2011
Código do texto: T3042336
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