Internet: a solução dos nossos problemas

Uma adolescente com internet de conexão banda larga resolveu postar em um de seus blogs a sua visão, bastante nítida, sobre a importância dessa vida virtual:

“Muitas pessoas se perguntam o motivo real de outras dedicarem tanto do seu tempo para a internet. A resposta para isso é obvia: Ela nos oferece tudo o que precisamos. Nela temos o Twitter, pra postar o que estamos fazendo; Orkut, pra todo mundo comentar sobre o que estamos fazendo; Facebook, pra todo mundo ver o que estamos fazendo; Blog, pra todo mundo ter informações precisas sobre o que estamos fazendo. Como você pode não entender essa fácil explicação sobre a importância de se comunicar com o mundo?

Não precisamos ir aos shoppings comprar nada porque existem sites de compra fácil, rápida e eles ainda entregam em casa. Não precisamos estudar outras línguas porque também existem tradutores online. A diversão fica por conta dos jogos de RPG e nada melhor que uma tela de plasma gigante para assistir aos shows das bandas favoritas. Pra que ir a biblioteca fazer uma pesquisa se existe o Google? Jornal já está ultrapassado, a nova onda são os sites de notícias dinâmicas, afinal eu tenho interesses próprios e bem mais importantes que o desmatamento, a guerra ou gente morrendo por aí.

A internet é o meio mais fácil de seres totalmente insignificantes e esquecidos, como nós, mostrarmos ao mundo o quanto sofremos com as dores da vida. Afinal, nossas famílias não apoiam nossas vontades lúdicas. Vivemos em uma imensurada tortura escolar onde estudamos e estudamos sem parar durante três horas seguidas. Usamos adidas verde-limão porque nossos impiedosos pais não quiseram comprar um Nike roxo e assim ficamos fora da moda. Precisamos mendigar um aumento na mesada porque quase nunca sobra grana pra poder comprar cigarros e fazer graça na pracinha da igreja. Além disso, existem mais incontáveis horrores que a sociedade nos prega.

Viu só? Essas são ferramentas básicas para qualquer um conseguir a famigerada 'vida boa' com pelo menos o mínimo de dignidade”.

Blogando – Cyber L@dy

Lendo este post, qualquer um entenderá os reais motivos de “nossos filhos” terem se transformado em seres esquisitos, de outro planeta, que falam um dialeto estranho composto apenas pelas letras Y, X e K, que têm orelhinhas felpudas, microchip embutido no cérebro e pés florescentes.

Seus problemas 'tão' sérios precisam ser divididos com quem os entende. Nós não entendemos. Não entendemos porque eles gritam que a gente não os entende, se eles sequer explicam. Não entendemos porque todos eles falam igual, se vestem igual, vivem igual e ainda querem contar acontecimentos inéditos uns aos outros. Não entendemos como eles ficaram tão diferente de nós, como não conseguem viver sem energia elétrica, sem chapinha, computador, celular, torradeira, micro-ondas, sem fazer amizade pelas lentes de uma web cam.

O post é fictício, mas não poderia ser mais real. Como já dizia Paula Toller: "mas agora que você cresceu,/ Não se parece nada comigo,/ Esse seu ar de tristeza alimenta a minha dor,/ Tua pose de princesa, de onde você tirou?". E nós, amigos, estamos ficando velhos.

por KAKAL RAGAZZI

Kakal Ragazzi
Enviado por Kakal Ragazzi em 17/06/2011
Código do texto: T3041095
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