O pequeno tolo.
Um garoto de aparência excêntrica, um pequeno tolo que sobe a rua, cabelos despenteados, na altura das sobrancelhas, jeans desbotados, com aquelas tão ridículas botas de construção que ele tanto insistiu em comprar, uma figura inaudita, uma imagem que ele logo abandonaria, sobe a rua pensando ter estilo, pensando pensar grande, acha que pode mudar o mundo como fizeram os seus heróis, não passa de “mais um” com grandes ideais. Não, ele não vai muito longe, ao contrário do que dizem, logo lhe cortarão a fita verde da esperança, e ele perceberá como as coisas realmente funcionam, perceberá todo o teatro, toda a futilidade, toda a tolice, e então terá verdadeiros motivos para vestir o luto, e optará pelo avesso, o porquê eu não sei, suas atitudes são sempre assim, excêntricas! Tudo que ele faz vai além do simples fazer, ele quer passar alguma coisa, alguma mensagem, é complicado de decifrar, quando questionado, esboça meio sorriso, meio, nunca inteiro, ninguém nunca irá até o fim, não quando se tratar dele. Eu sei que um dia ele vai se cansar, da casa, da família, da escola, dos amigos, de subir a rua, se cansará de tudo, e principalmente de si mesmo, ele logo vai se cansar de si, e a partir daí, eu já não sei nada.