O TEMPO

Fico às vezes lembrando dos bons tempos em que trabalhava todos os dias e, ainda assim, todo atarefado encontrava tempo para um bate papo com os amigos, uma poesia, compor algumas letras e músicas. O tempo era corrido, não dava tempo para nada, mas sempre encontrávamos um tempinho para um contratempo.

Tempo em que sonhávamos com uma aposentadoria para colocar as coisas no lugar e aproveitar o tempo fazendo essas coisas que antes o tempo não nos permitia fazer.

Anos depois na hora do descanso, no aconchego da vida de aposentado, tudo que mais temos é tempo e, não nos resta tempo para nada. Já não batemos papo, não compomos. Nem mesmo há tempo para uma visitinha.

Acho que a tal aposentadoria tornou-se nossa rival.

O ócio baniu nossas esperanças e nos acordou de um sonho. Não somos mais crianças. O que às vezes nos resta são memórias. Pelo menos quando não tínhamos tempo havia tempo para sonhar. Agora eu tenho tempo, mas não sei se ainda resta tempo.

Veja lá, o sonho desesperado adverte: O tempo é condução desembestada que não tem freio e nem tem paciência para esperar.

Saulo Campos

Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 17/06/2011
Reeditado em 19/06/2011
Código do texto: T3040102
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