O CIRCO
Ainda são remanescentes as lembranças dos circos que visitavam as cidades interioranas.
As crianças faziam a festa. Eu como todas elas afoito por um ingresso, não tendo como pagar por ele corria por toda a cidade atrás do palhaço.
As quinze primeiras crianças que o seguiam em fila, teriam uma numeração na testa , feita com uma tinta preta, a qual não poderia ser retirada até a hora do espetáculo.
Lá íamos nós seguindo o lúdico palhaço.
Acho que o povo se divertia mais com as crianças que o seguiam que com suas próprias palhaçadas.
A preparação para ir ao circo era demorada: um longo banho, a roupa nova e toda a euforia daqueles inesquecíveis tempos. A numeração continuava no rosto.
A gritaria fazia com que todos saíssem à rua curiosos, o que se seguia era um uníssono coro de risos.
“Tem palhaço na rua”... Bons tempos, em que ingênuo e feliz, a esperança batia forte no peito de cada criança.
O palhaço de outrora definha triste pelos cantos, desempregado a mendigar seu sustento, sem plateia nem picadeiro.
Ainda nos fazem de palhaços no circo da vida, mas a eterna criança contida em mim não acha graça, e sufocada ensaia seu grito , em silêncio e triste.
Saulo Campos
Itabira MG