O CIRCO

Ainda são remanescentes as lembranças dos circos que visitavam as cidades interioranas.

As crianças faziam a festa. Eu como todas elas afoito por um ingresso, não tendo como pagar por ele corria por toda a cidade atrás do palhaço.

As quinze primeiras crianças que o seguiam em fila, teriam uma numeração na testa , feita com uma tinta preta, a qual não poderia ser retirada até a hora do espetáculo.

Lá íamos nós seguindo o lúdico palhaço.

Acho que o povo se divertia mais com as crianças que o seguiam que com suas próprias palhaçadas.

A preparação para ir ao circo era demorada: um longo banho, a roupa nova e toda a euforia daqueles inesquecíveis tempos. A numeração continuava no rosto.

A gritaria fazia com que todos saíssem à rua curiosos, o que se seguia era um uníssono coro de risos.

“Tem palhaço na rua”... Bons tempos, em que ingênuo e feliz, a esperança batia forte no peito de cada criança.

O palhaço de outrora definha triste pelos cantos, desempregado a mendigar seu sustento, sem plateia nem picadeiro.

Ainda nos fazem de palhaços no circo da vida, mas a eterna criança contida em mim não acha graça, e sufocada ensaia seu grito , em silêncio e triste.

Saulo Campos

Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 16/06/2011
Reeditado em 19/06/2011
Código do texto: T3037875
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