A ESTEIRA DO TEMPO
Tarde de domingo, nada por fazer. Caramba o tempo não passava,nem a porrete. A gente ali,sentados. Na televisão nenhuma coisa que nos prendesse a atenção. Diante de mim um ser mitológico, (Hercules), brincadeira, nada de mitologia, apenas um amigo (sábio professor de geografia), a quem muito admiro e dedico aqui modesta homenagem.
A gente falava sobre o efeito borboleta (teoria do caos), “o simples ruflar de asas de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo”. Debatemos sobre a teoria da conspiração, e alguns assuntos dos quais julgamo-nos capazes de fazê-lo. Esses papos de loucos, em plena lucidez. Depois de um breve silêncio, como se em nós baixasse uma entidade, começamos a tecer uma nova teoria, a qual denominamos, Esteira do Tempo.
Tempo era tudo o que possuíamos naquele momento, foi o que nos veio à mente em pleno instante de ociosidade.
Partimos da premissa que o tempo não existe, que é apenas uma tendência lógica na qual nos baseamos a fim de justificarmos a nossa humilde passagem pelo universo.
Em nossa teoria o tempo não passa por nós. De repente imaginamos uma esteira, sobre a qual andamos ininterruptamente, sem nunca sairmos do lugar. À medida que a esteira aumenta sua velocidade aumentamos a nossa na mesma proporção, o tempo inerte observa nossa trajetória. A esteira tende a conduzir-nos para trás, nós tendemos a caminharmos para a frente. Na verdade não vamos até o fim da vida, partimos do zero vamos até o meio do que seria uma vida inteira, (ascendente) e daí começamos a fazer o trajeto contrário (descendente), o ponto final seria no ponto de inicio, assim concluímos. Pela nossa teoria, quem for viver noventa anos sobe uma escada de quarenta e cinco degraus, quando completar a subida desce até o ponto zero, terá assim completado seu ciclo. O tempo não vem de encontro a nós, prosseguimos numa infinda busca, na verdade nem mesmo sabemos o que procuramos.
Quem sabe nosso objetivo seja apenas ludibriar o tempo, a fim de que não percebamos sua existência, se é que existe, e o tempo não nos veja como tolos passageiros sobre uma esteira rolante, a observá-lo da imutável paisagem de uma imaginária janela.
Saulo Campos e o filho de Zeus
Itabira MG