Para que buscar respostas maiores?
Para que buscar respostas maiores? Nós nunca iremos saber ao certo se existe alguma coisa além daqui. O máximo que podemos descobrir será depois de nossa morte. E pela lógica da questão seria de todo inconveniente se houvesse alguma coisa e que essa coisa nos punisse por obedecer nossa razão. A razão nos diz que nada é provado e que acreditar em alguma coisa é meio estúpido.
Vamos para a origem do homem e tentar entender como que a coisa funcionou de modo grosseiro, mas provavelmente verdadeiro.
Estavam lá, nos primórdios da humanidade, os homens primitivos, com seus cérebros primitivos, com medo da natureza. Com medo dos animais, das enchentes, dos raios, enfim, com medo de tudo que pudesse os matar. E essas coisas eram inúmeras.
É sabido que ao que não se consegue explicar o homem tende a atribuir a algo que não pode compreender. Só que é tão infantil nessa atribuição que a põe a algum ser inventado a partir de seu próprio e com base nas configurações que lhe são possíveis.
Então o Deus da Terra poderia ser um homem fortíssimo com pele rochosa. E assim por diante. O que na verdade é uma tentativa de se encaixar no mundo opressivo que tenta nos matar a todo tempo, muitas vezes pelo tempo mesmo. E quando não pode se controlar com a razão, o homem tende ao misticismo.
Lógico que no começo dos tempos isso era mais simplório. Era feito através da magia, uma tentativa de controlar uma parte desse poder e usar em benefício próprio. O que não passava de misticismo puro, já que depois de ter inventado os Deuses, agora o homem queria pegar uma parte desse poder, que não existia.
Logicamente que existem pessoas mais esclarecidas dentro dos grupos que sempre existiram. No início em grupos, bandos, clãs e aglomerações. Depois em feudos, mais tarde nas cidades até chegarmos hoje nas megalópoles.
Com o crescimento desse número de pessoas a tendência seria de que a coisa perdesse seu controle. Já que as pessoas em grande número acabam se afastando desse sentimento de grupo. E passam a não prezar pela sobrevivência do grupo e sim pela própria sobrevivência.
Algo que predominava nessa época era a lei do mais forte. Estamos ainda nas origens dos homens, onde eles estavam mais preocupados em sobreviver do que qualquer outra coisa. E a lei do mais forte se dava entre a natureza e os homens, como um grupo coeso lutando contra a própria extinção.
Mas do momento que os grupos começam a crescer e a coisa começa a ficar mais estável essa lei do mais forte começa a se converter para dentro da própria aglomeração. Então entrando valores como: cobiça; vaidade; egoísmo; e tantos outros inerentes ao ser humano. É-se sabido que se continuasse a obedecer à lei do mais forte, provavelmente, os humanos se matariam de uma forma animal e grosseira.
Nesse pensamento que surge a primeira idéia de líder e o papel de apaziguador, pela força também, que tenta brecar esse ímpeto de autodestruição do homem, que passa a se preocupar cada vez menos com a natureza, essa que já praticamente entende e domina, e cada vez mais com conceitos subjetivos.
Então, a essa força somente o controle da própria autodestruição não cabe. Tendo que se apelar para outra forma de controle primário. E é, subconscientemente, que a religião entra aí. Para se ter uma idéia, um dos principais mandamentos é aquele que diz algo como: Não matarás o próximo. E quase todos os outros são relacionados com esse ímpeto agressivo do homem, coisas como cobiça, inveja, egoísmo. Tendo como o primeiro mandamento o de amar a Deus acima de tudo. Essa renúncia da materialidade é conquistada como forma de evitar uma possível autodestruição.
Em outras religiões e crenças encontramos paralelos com essa tendência de renunciar a materialidade para busca da espiritualidade, a fim de evitar esse caos que aconteceria com os homens se não tivessem medo de nada. Já que uma turba é mais poderosa que um rei. E se matar fosse corriqueiro nenhuma forma de poder estaria vigente hoje no mundo.
Já que o medo da natureza estava, em sua forma básica, dominado o homem só poderia se voltar para dentro de si mesmo. Mas como a mente do povo é infantil e despreparada para não ceder aos impulsos mais medíocres de nossa natureza, uma religião é-se necessária para controlá-los.
Mas o que acontece hoje em dia? Acontece que, cada vez mais, esses preceitos da religião e da espiritualidade estão deixando de povoar a mente das pessoas. Elas estão vendo que não tem nada a que temer. Que se existe alguma punição para atos terrenos que eles se resolvam depois de morto. E essa barbárie está se mostrando cada vez mais cruel. Cada vez mais pura em sua forma. Uma forma onde policiais vão até o subúrbio e chacinam um punhado de pessoas, brincando com os corpos e jogando suas cabeças em prol de um protesto! Protestar matando inocentes! Essa é uma das formas mais idiotas de manifestação, mostrando o primitivismo da mente medíocre.
O problema é quando esse “esclarecimento” sobre os preceitos religiosos chegar a grande massa da população. Que, enfim, não vai mais ter que temer nenhuma punição divina falsa criada para apaziguar os ânimos. E então um tempo de caos virá.
A única coisa que pode nos livrar disso é a razão. Dar educação para todos de forma igual e mostrar para elas que pela razão, pelo sentimento de unicidade do ser humano, o ato de matar é desumano e inaceitável. E que não é só por motivos de punição divina que não se deve matar, fazer o mal, ser medíocre, mas sim pela própria consciência de que isso é o melhor para todos.
Então, essa necessidade extrema que a mente primitiva tem de buscar uma resposta acima, um consolo está justamente nesse hábito de controle que temos em nossa sociedade. Pelas instituições seculares e pela legitimação do poder junto às instituições políticas.
O que é uma pena, pois a mente que se entrega a fé religiosa fica impedida de crescer criticamente. Pois, justamente um passo importante à aceitação é a renuncia de questionamentos. A fé é algo que se tem independente de qualquer outra coisa existente. Não interessa a razão, o pensamento, discussões e mais nada. Só essa renuncia calada.
Esse conforto adquirido também é dúbio já que ele se apóia em erros humanos básicos e comuns para incutir na cabeça do fiel à culpa, a preocupação. E a penitência serve como purificador. Um alívio temporário, até o próximo erro.
Toda a base da religião foi pensada claramente nesses quesitos. Englobar o máximo de pessoas possíveis. Aprisionar as mentes a tal ponto que não há como escapar. E enrolar ao máximo.
Se Deus existe? Para que saber? Jesus foi um homem excepcional? Foi! Assim como Buda o foi, assim como João Batista o foi, assim como muitos homens esclarecidos espiritualmente. Mas o que eles pregavam, não era observância alguma. Não era aprisionamento algum. Não era de forma alguma uma religião. Todos pregavam o auto-conhecimento. A busca interna e a auto-aceitação. Só assim a pessoa conseguiria ter a noção de que tudo que ela quer para si mesma quer também para os outros. Independentemente de credo, cor e raça.
Essa paz é única para todas as religiões e credos do planeta. Mas pelas mentes medíocres as suas religiões são as certas, e as outras erradas. Que seu Deus é único. Que seu paraíso é diferente do inferno dos descrentes.
Nada mais mundano do que associar Deus a uma figura paternalista. A uma figura parecida com Zeus, o Deus mais humano de todos da Grécia.
Mas como disseminar o auto-conhecimento quando a grande parte das Igrejas prega justamente o contrário. As doutrinas se comparam à medicina. A nossa medicina trata de doenças, não cuida em preveni-las. A maioria das religiões não cuida em forma um cidadão para não cometer erros, mas sim os pune e purifica para poder se errar mais e prendê-los.
É, então, que uma mente esclarecida e conhecedora dos assuntos mundanos saiba que não deve seguir nenhuma religião. Elas só contribuem para uma disseminação das diferenças já que uma não aceita a outra e reclama exclusividade no campo da espiritualidade.
Uma mente esclarecida faz o bem, para si e para os outros, de forma natural, pois é logicamente a melhor coisa a se fazer. E não por medo de alguma justiça divina ilusória. E é justamente isso que tem-se que temer atualmente. Esse esclarecimento parco da mente medíocre, que sem as amarras da punição divina pode dar asas aos seus sentimentos e emoções mais animais. Sem controle algum, acabando com anos de construção de nossa sociedade. E isso, de todo, não é bom, nunca vai ser.
Que venha a educação e seu esclarecimento. Sem ele? O fim se aproxima.