A MATÉRIA
Nunca dois olhos me fitaram com tamanha profundidade, Pelo menos uns que fossem tão verdes e belos. O rosto mais parecia de uma deusa. Os cabelos negros, feito cascata escorriam-lhe sobre os ombros. A boca, a boca era enlouquecedora, lábios carnudos e chamativos, nem precisava tanto. Tentei desviar o olhar, não me contive, era impossível fazê-lo. O corpo exibia uma silhueta; como se cuidadosamente torneado. Os seios eram incomparáveis. Não, não eram apenas seios, eram exuberantes picos em meio às curvas daquela beldade cuja visão adentrava-me as entranhas. Um calafrio percorreu-me todo o corpo. Diante dela tudo em volta era desprezível se comparado à sua beleza entorpecente.
Em instantes mil sonhos inundaram minha cabeça. Era mesmo linda. Curvou-se sobre a minha carteira, Os seios fartos bem ali de frente do meu rosto. Acho que até minha alma estremeceu. Pude sentir seu cheiro, Um cheiro diferente, gostoso. Da sua boca emanava um hálito fresco e puro. Seu perfume era doce e leve. Meu Deus o que era aquilo, se algo igual tinha sido feito não havia sido exposto a meros mortais.
Nunca dantes havia desejado com tanto fervor. Se “a fé remove montanhas”, por certo aquela beleza deslocaria uma galáxia. Estava ali diante de mim, a olhar-me nos olhos. Senti como se não houvesse mais ninguém por perto, como se o universo fosse ali perto daquela carteira.
Suas mão esquerda posava sobre meu caderno, unhas bem feitas, o esmalte reluzia. Com a mão direita tocou-me o braço. Foi inexplicável a sensação. Era como se uma onda de choque percorresse todo o meu corpo. Sem que ela percebesse suspirei profundamente. Acho que foi literalmente meu primeiro gozo..
_Seu texto é sobre a perfeição! Pude ouvi-la sussurrando. Esboçou um sorriso e dirigiu-se à carteira ao lado. Descobri que as aulas que eu mais gostava eram as de português. A professora, nem se quisesse poderia tê-la esquecido.
Saulo Campos
Itabira MG