Via Dolorosa

Não sei se todos sabem, mas eu gostei muito de teatro( Atuar), e muitas vezes vou para a praia de Taípe aqui no Arraial d' Ajuda (Porto Seguro), na verdade uma das mais belas praias do Extremo Sul da Bahia,quando me assento em uma das cadeiras vista para o mar,povoa a minha mente lembranças que as vezes eu choro, outra vez só riso, é uma festa, comigo mesmo, e em uma destas minha ida a praia eu busquei algo muito mágico, e que me fez abrir aquele sorriso.

Bom, vamos voltar aos anos 70, lá em minha cidade a inesquecível: Itabira do Mato Dentro, cidade de Drumond, e outras ilustres pessoas que só serão lembradas daqui a 10, 20 ou mais anos, pois desta cidade sae muitas pessoas super inteligentes, e que fazem o melhor para o crescimento e amadurecimento de nossa cidade.

Continuando, as imagens passavam como se fora uma fita de cinema, e isto me fez viajar no tempo e espaço, que delicia é voltar ao passado e reviver momentos tão agradáveis e inesqueciveis, então, eu lembrei de quando fazia parte do clube de jovens "ALA JOVEM" lá do bairro Bela Vista, e sabe quem era o presidente? Marconi Ferreira, e alí nós começamos a estudar uma peça de teatro sobre Jesus Cristo, depois de muito ensaio, mas ensaio mesmo,resolvemos exibir esta peça ao ar livre na semana santa, lembro de alguns colegas que participavam desta ensenação, José Estevam, Antonia(Tonica, que fazia a personagem Verônica), Helder Neto do Sr. Itagiba hoje Padre da Igreja Católica, o Filipão e tantos outros, mas quem fazia o papel principal era ele, o cara, o chefe, o cabeludinho do Marconi Ferreira.

A apresentação feita no centro da cidade, convidados pelo então Padre José Lopes dos Santos( O Zèlopão)foi uma das mais eletrizantes apresentações deste grupo, e esta ficou na história, depois do julgamento do Cristo que foi realizado nas escadas do hotel Itabira, saimos em direção da igreja do Rosarinho, subimos a rua Tiradentes Marconi puxando a cruz, e nestas alturas eu tinha tirado as vestes de Pilatos, coloquei as vestimentas do Centurião, é,aquele que tinha o chicote nas mãos e que golpeava o Cristo, foi tantas chibatadas que o pobre do Cristo( Marconi) gemia e muitas vezes pedia com voz já de lamento e dor para que eu batesse devagar, e com menas força, aí é que eu batia forte, para ficar mais realista esta cena que durou enquanto nós íamos em direção a Igreja do Rosarinho, enfrente ao predio da antiga prefeitura, foi a última queda do Cristo, antes de chegar a igreja, lembro-me que algumas senhoras de idade acompanhava o cortejo, e choravam pela cena que viam era uma multidão de pessoas acompanhando a via dolorosa do Cristo.

Chegando na Igreja, pregamos o Cristo na cruz, ouvi o diálogo do Cristo com a mãe, mas foi interrompido pelo Zelopão, dizendo que o Cristo não falava com a mãe, levantamos a cruz, foi uma agonia total das pessoas que assistiam a cruxificação, depois de sua morte, começamos a descer o Cristo da cruz, foi quando recebí alguns impurrões vindo da parte das senhoras de idade outras embaladas pelo que viram durante a apresentação, gritavam : Voce matou, covarde, agora carrega, e eu tive que aguentar tudo isto e levamos o Cristo para o fundo da Igreja, a sacristia, e quando chegamos tive que me esquivar muitas vezes do Marconi que queria descontar as chicotadas que levou durante a apresentação; Mas tudo voltou ao normal, e continuamos a ser amigos , numa amizade que dura nada mais do que 50 anos.

Abraços

Dico Fogo

Dico fogo
Enviado por Dico fogo em 13/06/2011
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